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segunda-feira, 13 jan, 2025

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Yoon Suk Yeol, presidente da Coreia do Sul, é impedido de deixar o país

LEGENDA: Após determinação de lei marcial, presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, não pode deixar o país. Votação de impeachment deve acontecer essa semana ainda. Foto: Reprodução

Depois de decretar lei marcial na última semana e ser impedido de continuar pelo parlamento, o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, foi impedido de deixar o país. Diante de um cenário de pressão para que ele renuncie, a decisão foi anunciada pelo Ministério da Justiça nesta segunda-feira, 9 de dezembro.

Estava programada para o sábado, 7, a votação do pedido de impeachment do presidente. No entanto, a maior parte dos parlamentares do partido governista preferiu boicotar a votação, deixando o plenário em protesto. Apenas um membro do Partido do Poder Popular de Yoon permaneceu no assento dele no plenário, enquanto outros dois retornaram durante a votação. Dessa forma, não houve quórum mínimo para votação.

Por conta disso, existe a expectativa de que a oposição tente votar o pedido de impeachment novamente na próxima quarta-feira, 11. Para que Yoon seja retirado do cargo, é necessário que os dois terços dos parlamentares sul-coreanos votem a favor do processo – ou seja, 200 dos 300 deputados. A oposição conta com 192 votos. É preciso, portanto, que oito parlamentares da base do presidente votem contra ele para que o pedido de impeachment seja aprovado.

Após a polêmica ao longo da última semana, Yeol pediu desculpas e disse que a medida foi tomada em um “momento de desespero”. Segundo ele, algo parecido não iria ocorrer novamente, afirmando estar pronto para enfrentar as consequências do seu ato. Ele ainda deixou seu destino político ao seu partido, o People Power Party (PPP).

Já a oposição da Coreia do Sul acusou o partido governista de realizar um “segundo golpe” ao se agarrar ao poder e recusar o impeachment do presidente Yoon Suk Yeol por sua declaração de lei marcial. “Não importa como tentem justificar, a essência permanece inalterada: este é um ato ilegal, inconstitucional, de uma segunda insurreição e de um segundo golpe”, afirmou Park Chan-dae, líder parlamentar do Partido Democrático, pedindo ao partido governista que “pare imediatamente”.

O boicote dos governistas causou fúria a uma multidão de cerca de 150 mil sul-coreanos que se reuniram no entorno da Assembleia Nacional para pedir pelo impeachment de Yoon. Aos gritos de “traidores”, os manifestantes tentaram pressionar para que os deputados governistas retornassem para votar. Eles também gritaram palavras de ordem, pedindo a prisão do presidente.
Eleito com uma vantagem de menos de um ponto percentual em 2022, Yoon Suk-yeol se tornou um dos mais impopulares presidentes da história recente da Coreia do Sul, com índices que raramente superavam os 30%. Seu governo usou de atos populistas — como a saída da Casa Azul, a antiga sede da Presidência, sob pretexto de economia de gastos — a uma condução equivocada de políticas públicas e, especialmente, impactando a economia. Os altos preços dos imóveis, fator que contribuiu para sua vitória, persistiram, o que fez com que uma parcela dos sul-coreanos o apoiasse na sua campanha.
E mais: a postura de enfrentamento com a Coreia do Norte, acompanhada de ameaças de conflito militar com um vizinho que tem armas nucleares, não recebeu grande apoio, e os escândalos em série, inclusive envolvendo a primeira-dama, colaboraram para que seu mandato tivesse um fim antecipado, ainda mais com um Parlamento de oposição.
Pressionado, Yoon usou um mecanismo que não era invocado desde a ditadura militar, no final dos anos 1970, a lei marcial, citando uma suposta ameaça norte-coreana mas, na verdade, se referia às dificuldades enfrentadas para aprovar projetos e manter no cargo seus ministros. Em fevereiro, Lee Sang-min, titular da pasta do Interior, sofreu impeachment, mas ficou no governo após uma decisão judicial. A pressão sobre seu Gabinete foi citada no discurso de terça-feira, quando anunciou a lei marcial.