Planta produzirá carnes especiais para exportação para países do Oriente Média, Rússia, Ásia, China. Mercado brasileiro também será contemplado
As negociações para a compra do Frigorífico Santanense, localizado no bairro São Paulo, em Sant’Ana do Livramento, no Rio Grande do Sul estão muito adiantadas, segundo o CEO e o diretor comercial e de produção do Grupo HELFRIG AGROVIVA GLOBAL FOODS. Uma vez iniciadas, as atividades do frigorífico representarão um reforço na indústria da carne brasileira com fins ao abastecimento dos mercados do Oriente Médio, Rússia, Ásia e China, e interno com carne gourmet.
À Tribuna da Imprensa, o CEO do AGROVIVA, Rodrigo Rocha, confirmou que as tratativas estão muito adiantadas e que há ainda um certo caminho a percorrer para que a unidade volte a funcionar. Rocha afirmou ainda que ativação do frigorífico faz parte de um projeto maior, que demanda por uma integração regional mais ampla.
“O Grupo AGROVIVA está com negociações avançadas quanto à compra do frigorífico. A estimativa é de que entre aquisição, obras e reformas, o investimento deve ser de R$ 135 milhões. Mas ainda existem certos entraves a serem ultrapassados, como a concessão das licenças dos órgãos ambientais do Rio do Sul, em níveis municipal e estadual”, afirmou o executivo.
Rodrigo Rocha destacou que ainda que, por ter sido criado como um bairro para reunir frigoríficos, o São Paulo, foi descaracterizado para este fim nos últimos 30 anos, por conta da paralização de muitas unidades voltadas para esta atividade.
“Os estudos de viabilidade mostram ser possível fazer a reforma do frigorífico, que está situado em um bairro criado para reunir esse modelo de negócio, que, após 30 anos de ausência, se desmantelou, fazendo com que ele se tornasse um bairro residencial. Isso representa um desafio, que temos que levar em consideração, mas que não representa um grande entrave à retomada das atividades”, disse Rocha.
À Tribuna da Impresa, o CEO do AGROVIVA adiantou também que para dar início a um projeto tão ambicioso é necessário criar uma cadeia de compradores no exterior. O que já sendo feito com sucesso via Portugal, com a participação de empresários e membros do primeiro escalão do governo português, que já entendeu a necessidade de atender às demandas de um mercado de produtos de proteína animal selecionados.
“A constituição de compradores no exterior está bem encaminhada com Portugal, que já entendeu a necessidade de ter uma constância de atendimento à demanda de proteína animal de primeira linha, diferentemente do que está atualmente no mercado”, acrescentou Rodrigo Rocha, destacando a necessidade de uma logística ferroviária para o escoamento da produção. Algo que deve ser conversado com o Governo do Rio Grande do Sul e que deve beneficiar o Brasil inteiro, cuja vocação ferroviária é quase uma imposição, por se tratar de uma país com dimensões continentais.
Quanto às tratativas com Portugal, o diretor comercial e de produção do AGROVIVA, Jorge Furtado, esclarece que elas estão bem avançadas, assim como as negociações para alguns países do Oriente Médio.
” Quanto a Portugal, pretendemos usar o país como referência para a entrada da carne na Europa e como ponto a partir do qual poderemos fazer captação de novos investimentos. Existem algumas negociações com algumas empresas portuguesas, desde a área de investimentos até a aquisição de carne. Também existem negociações avançadas para exportações futuras. Temos ainda pré-contratos firmados para a exportação para alguns países do Oriente Médio, especialmente os que consomem carne Halal, que seriam os nossos principais clientes”, disse o diretor comercial e de produção do grupo.
Jorge Furtado esclarece ainda que, no primeiro momento, o frigorífico deve passar por um processo de estruturação que envolve várias etapas.
“A primeira delas compreende o levantamento das condições da estrutura física da unidade para projetar o maquinário que será usado no local; recuperação da área de acondicionamento dos produtos, que está toda comprometida; intervenções na estrutura física da unidade, que está bem conservada. Inicialmente, o nosso objetivo é abater 500 bois/dia. Posteriormente será instalada a indústria de processamento, para produzir uma série de produtos, como hambúrguer, linguiça e almondega. Todos visando o mercado externo. Na segunda fase do projeto, será implantado um frigorífico para o abate de 800 a 1000 ovinos/dia, o que permitirá a produção de uma série de produtos que também serão exportados. No desenvolver do projeto, teremos o desenvolvimento de ração, produtos para a área cosmética, entre outras fases”, finalizou Jorge Furtado.
O Frigorífico
Fundado por uma cooperativa de produtores nos anos 1970, o Frigorífico Santanense conta com uma área construída de 19.586 m², onde estão instalados, câmaras frigoríficas de resfriamento, desossas, antecâmaras e embarque, além de 7.350 m² de currais e bretes.
Para o Grupo HELFRIG AGROVIVA GLOBAL FOODS, um dos pontos fortes da unidade é a sua localização, a 2 km do posto aduaneiro de fronteira Brasil-Uruguai; aproximadamente 500 km do porto de Montevidéu (ROU); 400 km, do porto de Rio Grande, 400 km; e 220 Km das fronteiras com a Argentina e Uruguai (Passo de Los Libres).
A unidade será fornecedora de corte dianteiro e miúdos para exportação, com ênfase na produção Halal, para países mulçumanos; além de traseiro nobre para mercados, como Rússia, Ásia e China. O abastecimento nacional com peças gourmet também está previsto.
Patricia Lima
Com Argentina, Uruguai e próximo ao porto de Montevidéu