Segmento gera 20 mil empregos diretos e já está consolidado como um dos principais motores da economia carioca
O setor audiovisual do Rio de Janeiro registrou um crescimento de 56,2% nos últimos três anos, avanço que o colocou entre as atividades que mais geram recursos para a capital fluminense. Segundo o estudo “Economia do Audiovisual Carioca”, divulgado pela Prefeitura na última semana, somente em 2023, o audiovisual somou R$ 4,2 bilhões em recursos. O mercado, que gera 20 mil empregos diretos, já está consolidado como um dos principais motores da economia carioca.
Ao analisar o levantamento, que foi elaborado pelas secretarias de Desenvolvimento Urbano e Econômico (SMDUE) e de Cultura (SMC), e a RioFilme, o prefeito Eduardo Paes (PSD) afirmou que continuará desenvolvendo ações incentivo ao setor, uma vez que ele é o grande responsável por construir a marca Rio de Janeiro.
“Tem uma coisa que é o legado intangível, que é a construção da imagem. Essa indústria do audiovisual é muito mais do que se arrecadou de Imposto sobre Serviços (ISS), de empregos que foram gerados. O nosso grande ativo, que nos diferencia dos outros lugares, é esse conjunto chamado Rio de Janeiro, que tinha o Antônio Cícero, o Nelson Sargento, a Tia Surica na Portela toda essa produção cultural tão viva. As pessoas querem ficar com o Rio, namorar o Rio, se casar com o Rio. E esse desejo é construído pelas nossas belezas naturais, mas a partir daquilo que essa produção cultural, especialmente no audiovisual, desenvolveu sobre a marca da nossa cidade”, explicou o chefe do Executivo municipal.
Além do grande potencial de geração de caixa, o setor também abre postos de trabalho qualificados, com baixo impacto ambiental e grande efeito multiplicador. Em 2023, somente em ISS, o município arrecadou R$ 72,1 milhões.
“Há geração de empregos, geração de renda, é um círculo virtuoso que criamos, com a preocupação que temos de atuar em todos os setores do audiovisual. Estamos estimulando a produção, a pós-produção, a distribuição e a infraestrutura”, afirmou o secretário municipal de Cultura, Marcelo Calero.
O subsecretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação do Rio, Marcel Balassiano reforçou que a administração municipal trabalha para fazer do Rio de Janeiro a capital da inovação da América Latina.
“Este setor movimentou, no ano passado, mais de R$ 4 bilhões de arrecadação de impostos. São 20 mil empregos formais. Além de ser muito a imagem da cidade, o soft power do Rio, tem o lado do desenvolvimento econômico muito grande e importante do setor”, destacou Balassiano.
Segundo o presidente da Ancine, Alex Braga, a capital fluminense pode servir de exemplo para todo o Brasil, com os resultados alcançados, sejam financeiras, sejam na construção de marcas.
“Acredito firmemente que outros municípios e estados vão seguir o exemplo do Rio, de investir em produção, infraestrutura, capacitação e qualificação. Acho que o Rio vai se consolidar como a capital do audiovisual, gerando esses efeitos positivos de emprego, renda, bem-estar para sociedade”, observou Alex Braga.
A Prefeitura investiu, de 2021 a 2023, R$ 139,4 milhões no setor audiovisual, por meio do programa Pró-Carioca Audiovisual da RioFilme. Somente no ano passado, foram direcionados ao setor R$ 60,8 milhões, incluindo recursos oriundos da Lei Paulo Gustavo. No cenário da América Latina, a cidade registrou o maior número de diárias, com 7,9 mil autorizações da Rio Film Commission em 2023, superando centros internacionais relevantes, como Paris e Cidade do México.
“Os editais de fomento que remodelam toda a cadeia produtiva do audiovisual e as produções que acontecem na cidade atraem as equipes, que se hospedam, consomem nos restaurantes, pegam os transportes e geram receitas”, frisou o presidente da RioFilme, Eduardo Marques.
Editais da RioFilme: inclusão e foco na diversidade
Desde 2021, RioFilme passou a dispor em seus editais de dispositivos inclusivos que priorizam, por meio de pontuações adicionais, produções lideradas por mulheres, negros, indígenas, pessoas com deficiência e transsexuais, residentes em áreas de IDH mais baixo, como nas zonas Norte, Oeste, com exceção de Barra e Recreio, além de moradores de favelas das áreas central e Zona Sul.
Entre 2021 e 2023, a RioFilme recebeu 2.905 propostas, com 18% de candidatos residentes em áreas de menor IDH. Desse de projetos, 29% foram escolhidos – uma diferença de 61% entre inscritos e selecionados –, atestando a qualidade das propostas apresentadas. O avanço da proporção entre inscritos (26%) e selecionados (45%) foi ainda mais expressivo, com pessoas negras, indígenas, trans ou com deficiência, apresentando 73% das propostas.
Tendências do mercado
Projeções realizadas pela Global de Entretenimento e Mídia (E&M) 2023–2027, apontam que o Brasil deve registar um retorno de US$ 41,3 bilhões, em 2027. Segundo o relatório, o mercado cinematográfico brasileiro é o nono maior mercado de cinema no mundo e pode gerar um lucro de US$ 707 milhões, em 2026; cifra maior do que os US$ 638 milhões alcançados em 2019, período pré-pandêmico.
Outro estudo internacional, específico do setor audiovisual: “O impacto econômico do setor audiovisual na América Latina” realizado, em 2023, pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com apoio da Netflix, apontou Argentina, Brasil e México como os líderes nas produções audiovisuais na América Latina, com uma receita de US$ 20 bilhões em 2021, sendo US$ 3 bilhões vindos da produção cinematográfica. A pesquisa ressaltou os efeitos econômicos multiplicadores do setor audiovisual, com cada US$ 10 gastos no setor na América Latina, gerando entre US$ 6 e US$ 9 na cadeia de suprimentos. Além disso, para cada dez empregos no setor, entre 5 e 7 são gerados em outros setores.
O estudo completo sobre a Economia do Audiovisual Carioca pode ser lido no Observatório Econômico do Rio e no Observatório do Audiovisual Carioca.