Com um modelo de negócio pouco convencional, a search fund Bio2Me inicia a captação de R$35 milhões para procurar, encontrar e administrar áreas de vegetação nativa, trazendo lucros a partir da floresta em pé.
O negócio foi desenvolvido pelos empreendedores Claudio Fernandes e Marcio Campos, que, além de tecnologia, trazem um grande conhecimento sobre o Brasil profundo. Hoje, o foco do negócio está no nordeste do estado de Goiás e usa uma A.I. exclusiva, desenvolvida especialmente para analisar e avaliar áreas preservadas em busca de bioativos e terras com grande potencial de investimento.
Além da dupla, que administra o dia-a-dia da empresa, a Bio2Me conta com a experiência do investidor português Nuno Verças (ex-presidente do Banco Cetelem e CEO da Aldo, uma das maiores empresas de painéis fotovoltaicos do mundo) e do carioca Vicente Parente, que traz uma longa experiência em investimentos para real state. Essa junção, por fim, garante uma visão muito mais ampla sobre o negócio, que também conta com a valorização das terras adquiridas.
“Queremos o mato que é agro”, diz Nuno Verças. “Essa é a riqueza do Brasil,as coisas que saem de áreas nativas e se tornam mundiais, como o caju, o pequi e o baru”.
Ainda em seus primeiros meses de operação, a empresa foi selecionada para participar do Programa Soja Sustentável do Cerrado, uma iniciativa da Agtech Garage, apoiada pelo Land Innovation Fund, um programa voltado para o fomento de empresas que trazem soluções inovadoras para a preservação e sustentabilidade de áreas do Cerrado.
Como a empresa funciona?
Hoje, a empresa trabalha em verticais de faturamento que garantem uma visão de 360º sobre propriedades rurais. Inicialmente, drones fazem imagens de fazendas – especialmente das áreas preservadas. Com as imagens em mãos, o software de inteligência artificial exclusivo da empresa faz uma análise de todo o potencial das terras. Essa análise, contudo, traz uma visão sobre o tamanho e a qualidade das áreas preservadas, degradadas, improdutivas ou produtivas.
“A proposta é monetizar a floresta em pé”, diz Campos. “O que muitos produtores enxergam como um problema é uma oportunidade para nós”. Em seguida, um time especializado faz uma análise da situação jurídica das propriedades, que podem ser adquiridas ou administradas junto aos proprietários.
O viés imobiliário passou a fazer parte do plano de negócios a partir da visão de Vicente Parente, que traz mais de 30 anos de experiência em investimentos do tipo. “A solidez do agro representa uma âncora, um porto seguro”. Segundo um estudo feito pelos sócios, a valorização das terras chegou a 100% em cinco anos e hoje funciona como a âncora do negócio, garantindo rentabilidade dos investimentos, independente dos resultados de outras frentes.
Com as inúmeras visitas à região, Claudio e Marcio garantiram uma rede de contatos que permite encontrar as áreas certas e entender a situação do potencial fundiário de propriedades fora da área tradicional de produção agrícola. Hoje, a Bio2Me já mapeou mais de 20 mil hectares na região.
Reserva legal as a service
Hoje, leis ambientais no Brasil obrigam a preservação de um mínimo de 20% de todas as propriedades – chegando até 70% em alguns casos. A preservação garante a diminuição de processos danosos à produção do agro, como a erosão ou a falta de água. Mas o processo ainda é um desafio para muitos produtores, que têm dificuldade de monitorar e manter as obrigações com o Código Florestal Brasileiro.
A Bio2Me garante a exploração de cada pedaço de terra – extraindo apenas os recursos naturais de áreas nativas, mas também entende o valor exato de cada hectare. Com uma visão de longo prazo, a empresa também traz a possibilidade de arrendamento de propriedades. Isso porque o software da empresa também “entende” o potencial das terras para o agro tradicional. Ecoturismo e crédito de carbono inegavelmente também fazem parte dos planos.
“Estamos oferecendo uma outra face do agro, menos conhecida e complementar ao agronegócio tradicional. Nós queremos oferecer a preservação de áreas nativas sem esquecer da rentabilidade”, afima Verças.
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