Amuleto especial vai com eles na viagem: uma bandeira do Fla do ano do jogo histórico contra o Liverpool, em Tóquio. Na foto, Leandro, Zico e Junior, estrelas do Flamengo. Foto: Reprodução
O ano era 1981, quando Antônio Augusto Dunshee de Abranches ocupava o cargo de presidente do Flamengo no título do Mundial de Clubes. Na época, ele tinha 43 anos de idade, e estava em Tóquio para presenciar a vitória do time carioca por 3 a 0 no Liverpool. Ao lado dele, neste momento, estava seu filho, Rodrigo Dunshee, que hoje é o vice-geral e vice jurídico do Flamengo.
Depois de 43 anos do jogo que se tornou histórico, Rodrigo e o atual presidente do clube, Rodolfo Landim, pretendem reescrever a história do rubro-negro na ida da delegação para Doha, no Catar, onde o time vai disputar mais um título Mundial. No entanto, Antônio, que havia sido convidado para a viagem, está com 83 anos e com Alzheimer, e não poderá ir por conta dos seus problemas de saúde. Mesmo com a ausência do pai, Rodrigo afirmou que vai tentar repetir o feito dele ao lado do seu filho. Para isso, disse que vai levar um amuleto muito especial que foi dado por Antônio. Trata-se de uma bandeira do Flamengo do ano de 1981 que os acompanhará em todas as partidas do Flamengo durante a competição.
Relembre o jogo histórico entre Flamengo e Liverpool
Flamengo e Liverpool é, até hoje, um jogo histórico. Um dos destaques foi o placar de 3×0 do Flamengo em cima do Liverpool, que com certeza parou Tóquio em 13 de dezembro de 1981. Vale destacar que somente o Santos do Rei Pelé conseguiu vencer com a mesma facilidade ao derrotar o Benfica de Eusébio em 1962 pelos mesmos três gols de diferença, com o placar de 5×2. Mas havia ali uma diferença, já que, naqueles tempos, havia um jogo de ida e outro de volta, um em cada país.
Por isso, vale a pena entender por que essa é uma das finais mais emblemáticas da história do futebol brasileiro! Naquele ano, os Reds acabavam de ser tricampeões do torneio, sendo então o time a ser batido. Comandados por Bob Paisley, tinham grandes jogadores em seu elenco, como os meias Terry McDermott e Graeme Souness, além do atacante escocês Kenny Dalglish.
Eram tempos em que as comunicações não eram instantâneas e o interesse dos europeus pelo que acontecia no futebol sul-americano era ainda menor do que se vê hoje. Há, inclusive, várias entrevistas em que os jogadores do Liverpool admitiram não conhecer absolutamente nada do Flamengo. E mais: eram também tempos em que os craques brasileiros jogavam no Brasil e o limite de estrangeiros ainda era imposto na Europa.
Isso acabou se tornando um revés e tanto para o Liverpool que, além de desconhecer o adversário que viria a enfrentar, passaram para o mundo uma péssima imagem pela falta de profissionalismo.
Zico e seu time resolveram aplicar a melhor lição que se pode dar no futebol: humilhar o adversário em campo. No primeiro tempo, o Flamengo já ganhava por 3×0, com dois gols de Nunes aos 13 e 41 minutos, e um de Adílio, aos 34. Isso fez com que o técnico e jogadores do Liverpool fossem para o intervalo pensando só em não tomar mais gols e voltar para a Inglaterra com um vexame menor. A vitória rubro-negra serviu ainda como alento para o futebol brasileiro, que desde a Copa de 1970 andava com a autoestima baixa.