Durante o Urban 20 (U20) – o encontro de prefeitos das principais cidades do G20 – o Rio de Janeiro anunciou oficialmente, nesta sexta-feira, 15 de novembro, sua adesão à iniciativa Breathe Cities para expandir dados sobre a qualidade do ar, conscientizar as comunidades e tomar medidas específicas para conduzir a ação climática e garantir que 6,7 milhões de pessoas respirem um ar mais limpo.
Representando o prefeito Eduardo Paes, o secretário municipal de Saúde Daniel Soranz afirmou que a poluição do ar é um problema que a prefeitura do Rio quer enfrentar com rigor, a exemplo do que vem fazendo com o clima e o trânsito.
“Fomos a primeira cidade do Brasil a adotar um protocolo que prevê a suspensão de atividades em dias de calor extremo. Nosso próximo passo é fazer isso em relação à qualidade do ar”, afirmou.
O Rio é a 14ª cidade do mundo a aderir ao Breathe Cities, um projeto que reúne instituições como o Clean Air Fund, a C40 Cities e a Bloomberg Philanthropies. Prefeitos de outras cidades que já adotaram o programa, como Joanesburgo, na África do Sul, e Acra, em Gana, também participaram do encontro.
O Breathe Cities Rio prevê a redução da poluição do ar em 10% até 2027, chegando a 30% em 2030. Para isso, será tomada uma série de ações na cidade, tais como:
• Dar suporte e assistência técnica para implementação de um Distrito de Baixa Emissão no Centro, eletrificação dos ônibus da cidade, expansão do sistema de Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) e um novo hub de transportes em Madureira, na Zona Norte.
• Expandir a rede de monitoramento da qualidade do ar da cidade, com sensores de alta precisão e baixo custo para identificar pontos críticos de ar tóxico e fontes de poluição.
• Aumentar a consciencialização pública sobre a poluição atmosférica, especialmente entre as comunidades que são desproporcionalmente afetadas.
O secretário nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental Adalberto Maluf também esteve no evento e apresentou dados preocupantes sobre os efeitos da poluição atmosférica, como a redução na expectativa de vida. Ele também elogiou o fato de o Rio estar tomando a frente para melhorar a qualidade do ar.
“A maior parte das emissões de gás carbônico vem do transporte urbano, e o Rio é uma cidade que tem enfrentado isso, fazendo corredores de ônibus, ciclovias, ações para pedestres e melhoria dos veículos. Uma criança que cresce num ambiente poluído não terá, aos 15 anos, a mesma capacidade cognitiva de outra da mesma idade, que não vive num local assim. Quem mora na periferia de grandes cidades, como São Paulo, por exemplo, perde entre 4 e 5 anos de expectativa de vida em relação aos habitantes de Curitiba, por exemplo”, disse.
Para o diretor-executivo do Breathe Cities Jaime Pumarejo, o Rio está dando um exemplo importante para a América Latina ao assumir o compromisso de um desenvolvimento urbano sustentável.
“Este é um momento importante para mostrar ao mundo que a ação em prol do ar limpo é uma ação climática. Um ar mais limpo salva vidas, reduz as emissões de carbono e pode contribuir para cidades mais inclusivas, justas e prósperas”, detalhou.
As 14 Breathe Cities são: Acra, Gana; Bangcoc, Tailândia; Bogotá, Colômbia; Bruxelas, Bélgica; Jacarta, Indonésia; Joanesburgo, África do Sul; Londres, Reino Unido; Cidade do México, México; Milão, Itália; Nairóbi, Quênia; Paris, França; Rio de Janeiro, Brasil; Sófia, Bulgária; e Varsóvia, Polônia.
O Breathe Cities é uma iniciativa pioneira de Clean Air Fund, C40 Cities e Bloomberg Philanthropies para limpar o ar, reduzir as emissões de carbono e melhorar a saúde pública em cidades do mundo todo. Lançado em junho de 2023 por Michael R. Bloomberg, enviado especial do Secretário-Geral da ONU para Ambições e Soluções Climáticas e fundador da Bloomberg Philanthropies, e pelo prefeito de Londres e copresidente da C40 Cities, Sadiq Khan, o objetivo do projeto é eliminar barreiras à ação e garantir que comunidades de todo o mundo tenham acesso a ar limpo.
O Breathe Cities reúne dados sobre qualidade do ar, comunidades e líderes urbanos para reduzir, nas cidades participantes, em 30% até 2030 (em comparação com os níveis de 2019) a poluição do ar e as emissões que provocam o aquecimento do planeta. Isso evitaria 55 mil mortes prematuras e cerca de 111 mil novos casos de asma em crianças, poupando US$ 147 bilhões em hospitalizações e mortes, e deixando de emitir 394 megatoneladas de CO2.