*Por Raquel Machado
Minha flor favorita é o Girassol. Segundo meu terapeuta existe mais coisa por trás disso, mas vamos ficar com meu raso ponto de vista nesse momento. Gosto de saber que existe uma flor exuberante, forte e autoprotetiva por aí, que sabe buscar a luz quando ela é abundante e, talvez mais importante ainda, que sabe contar consigo e com as outras nas profundezas da escuridão.
Quantos de nós perdemos a noção de onde termina a luz e onde começa a obscuridade?
Onde é o limite entre um pensamento intrusivo e uma ideia obsessiva?
Onde fica a linha tênue que separa o cansaço da desistência?
Onde termina o livre arbítrio e começa o abuso?
Onde..onde…Dentro de você.
Mas às vezes não basta estar dentro, tem que ser claro. Quantas vezes nos percebemos o puro suco do caos, da desilusão, do cansaço e da decepção?
Quantas vezes tudo o que queríamos era jogar tudo pro alto e ir morar numa vila de pescadores à beira-mar?
Quantas vezes chutar o balde pareceu tão tentador quanto ganhar um prêmio?
Até você lembrar que até tem balde, mas é pequeno, de plástico e frágil, melhor não chutar pra não vazar água depois. Dá até raiva ter que ser tão racional num momento de emoção.
Pois é senhoras e senhores, a vida é esse suco de magnitude e pequenez. É a montanha russa entre sonhos, realizações e decepções. É um ajuste entre rotas; É o descanso na cachoeira, um stress no trabalho e o carinho da companhia à noite.
Qual é a receita? Nenhuma. Mas uma coisa eu te garanto. Nós podemos conhecer mais a nós mesmos para não sermos reféns das nossas interpretações ruins.
Como dizia Freud a uma de suas pacientes: “Você tem toda razão, a vida é isso mesmo, eu só não sei porque você tem que morrer por causa disso. Tem vazio, tem mal-estar, tem angústia, mas você não precisa ficar doente por causa disso”.
Então, parafraseando também o mestre Gonzaguinha: “Sempre desejada, por mais que esteja errada. Ninguém quer a morte, só saúde e sorte”.
Tal qual o girassol, espero que você saiba onde buscar abrigo nos dias sem luz.
Está se sentindo sozinho? Ligue para o CVV (Centro de Valorização da Vida: Número 188
**Raquel Machado é psicanalista, mãe do Felipe e escritora nas horas vagas. Palestrante, M.A. em Neurociência, Analista Didata e uma entusiasta do comportamento humano.