Haddad não vai mais para a Europa por conta da situação econômica do país. Foto: Agência Brasil
Depois de um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do cenário de instabilidade causado pela disparada do dólar, que bateu R$5,86 na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou a viagem que faria à Europa nesta semana para se dedicar à agenda de corte de gastos.
O embarque estava marcado para esta segunda-feira, 4 de novembro, voltando apenas no fim de semana. O cancelamento da viagem foi confirmado pela pasta neste domingo, 3. A assessoria de imprensa do ministério afirmou, ainda, que ele vai se dedicar aos temas domésticos durante a semana, e “que a agenda em questão será retomada oportunamente.”
A viagem de Haddad para a Europa teria como destinos Paris (França), Londres (Reino Unido), Berlim (Alemanha) e Bruxelas (Bélgica),
onde se reuniria com autoridades e conversaria com investidores. No entanto, no foco das notícias econômicas, há duas semanas a equipe do governo vem debatendo um pacote de corte de gastos, esperado pelo mercado. As medidas seriam anunciadas depois das eleições, o que não ocorreu.
Lula não se pronuncia sobre corte de gastos
Lula visitou a sala de monitoramento do Enem, neste domingo, 3 de novembro, onde foi questionado sobre o corte de gastos e o cancelamento da viagem de Haddad. No entanto, o presidente foi enfático ao dizer que não falaria nada além de temas relacionados à educação. “Não vou discutir nenhum assunto que não seja educação. Nem mais nada. Nem Estados Unidos, nem Venezuela, nem Nicarágua, nem Rússia, nem China”, acrescentou Lula, que também foi indagado sobre a crise entre Brasil e Venezuela, dizendo que não ia comentar nada sobre isso.
Haddad se reuniu com Lula ao longo da semana passada, e a demora no anúncio das medidas frustrou o mercado. Com o dólar encerrando a sexta-feira valendo R$ 5,8698, em alta de 1,53%, além das incertezas em relação à condução fiscal no Brasil seguem fazendo peso na cotação, segundo analistas. É o maior patamar para o câmbio desde maio de 2020, ou seja, no auge da pandemia de Covid. Na semana, a moeda valorizou 2,9% e, no ano, já acumula uma valorização de quase 21% em 2024.
Os juros futuros também demonstram pressão sobre as incertezas da política fiscal. Para 2027, a taxa de depósito interfinanceiro (DI) já era negociada acima dos 13% ao ano. A alta da moeda americana preocupa por seus efeitos na inflação, no consumo doméstico, no planejamento de empresas e nos juros. Economistas já projetam alta nos preços de viagens e alimentos, podendo afetar até as compras de Natal.