Da Tribuna da Imprensa
O BNDES do futuro será verde, inclusivo, tecnológico, digital e industrializado. Com esse compromisso firmado em discurso, Aloizio Mercadante tomou posse nesta segunda-feira como presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, compareceu à cerimônia no Rio de Janeiro. Para cumprir a meta, o banco pretende privilegiar o investimento em empresas de menor porte, que detém grande parte da força de trabalho do país.
“Vamos apoiar com mais determinação o crescimento e desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas, que são grandes geradoras de emprego e renda. Precisamos impulsionar a digitalização dessas empresas por meio de ações conjuntas com parceiros tecnológicos”, disse o presidente do BNDES.
» Íntegra do discurso de Aloizio Mercadante
Segundo o novo presidente do banco, uma rede econômica que englobe parcerias público-privadas é uma das chaves para o desenvolvimento nacional.
“Não pretendemos ficar disputando mercado com o sistema financeiro privado. Não é o papel do BNDES. Precisamos de parcerias e o BNDES pode contribuir para reduzir risco, abrir novos mercados, alongar prazos e elaborar bons projetos para os investimentos privados”, analisou.
O aporte financeiro é respaldado por lei já aprovada e ocorrerá em parceria com instituições financeiras privadas. “Vamos dar suporte às empresas e às cooperativas de economia solidária com R$ 65 bilhões, por meio de crédito indireto do banco e alavancagem via garantias por crédito privado”, afirmou Mercadante.
REINDUSTRIALIZAÇÃO
Mercadante cita o enorme potencial industrial brasileiro e como o Banco Nacional do Desenvolvimento foi fundamental para elevar o patamar econômico do país.
“O país não seria o que é sem o BNDES. Quando esse banco foi criado, o Brasil era um país de 52 milhões de habitantes, predominantemente agrário, com indústria incipiente e estrutura precária. Três décadas depois, o Brasil se convertia em um país predominantemente urbano e industrial. Antes da crise externa, conhecida com a década perdida, a indústria brasileira era maior que as da Coreia e da China juntas. Essa transformação fantástica não seria possível sem a participação do BNDES, a história desse banco se confunde com a da industrialização e da modernização da estrutura do país”, lembrou.
Para além de uma cadeia produtiva agrícola consolidada, Aloizio Mercadante prevê a ampliação do setor industrial como meio de fomento à transformação econômica nacional. “Um banco de investimento precisa ter visão de longo prazo, e uma das dimensões importantes para um projeto são as exportações. Não apenas commodities agrícolas. O Brasil é a fazenda do mundo, mas não pode ser só isso. Produtos industriais de alto valor agregado são essenciais para o desenvolvimento”.
Neste sentido, o presidente considera urgente um posicionamento mais protagonista do Brasil entre as grandes potências mundiais. “Noventa e oito por cento do mercado existente no mundo está fora do Brasil. Para serem competitivas, as empresas brasileiras precisam disputar esse mercado, ganhar escala, competitividade, eficiência. Essa é uma pauta fundamental para o futuro do BNDES, da indústria e do Brasil. Nós precisamos exportar e ganhar escala e fazer a integração às cadeias globais de valor”, avaliou Mercadante.
Tendo as exportações como um dos pilares da economia nacional, Mercadante considera a implantação de um sistema de financiamento que contemple todos os estágios da negociação externa. “O BNDES deve apoiar o pré-embarque e pós-embarque das exportações de bens e produtos. Na verdade, estamos desenvolvendo um projeto para a constituição de um EXIM Bank [Banco de Exportação-Importação], a exemplo do que acontece nas principais economias do mundo”, afirmou.
SUSTENTABILIDADE E INCLUSÃO
O presidente do BNDES alertou que o crescimento econômico só pode ocorrer, na atualidade, com a implantação sistemática de políticas ambientais responsáveis. “O BNDES não tem chance de sobreviver e prosperar se o sistema financeiro não mudar radicalmente para enfrentar a emergência climática e social. Estamos muito perto de uma catástrofe ambiental sem retorno e a tragédia social está por toda a parte”.
Nesse contexto, respeitar a preservação ambiental e criar oportunidades para o desenvolvimento de uma cadeia energética limpa também estão entre as prioridades das novas políticas do banco. “Precisamos enterrar de vez o obtuso negacionismo climático que nos tornou o grande vilão ambiental do planeta. O BNDES precisa apoiar a transição justa para a economia de baixo carbono. Não existirá futuro sem preservar a Amazônia e outros biomas”, argumentou Mercadante.
Para ele, investimentos sólidos em pesquisas ajudarão no processo de instituição de uma política verde. “A nova indústria digital, descarbonizada, é baseada em circularidade e investimento intensivo em conhecimento. Esse país precisa se reindustrializar. A participação na indústria do desembolso do BNDES era 56% em 2006, mas caiu para 16% em 2021”.
Assim, a educação entra em cena para a formação de uma sociedade com trabalhadores qualificados e preparados para impulsionar a economia. “O Brasil precisa também se digitalizar. Nesse campo, temos uma agenda inovadora, que é o uso do FUST, o Fundo da Reindustrialização dos Serviços de Telecomunicações, projeto que será gerido pelo BNDES, para implantar a digitalização nas escolas públicas”, disse.
Na perspectiva das parcerias, Mercadante avalia que o crescimento do Brasil está atrelado ao sucesso de seus parceiros comerciais, em especial, aqueles que constituem o mesmo bloco econômico, como o Mercosul. “O nosso desenvolvimento passa pela integração da América Latina e pela parceria com os países do Sul global. O Brasil é grande e será ainda maior ao atuar em conjunto com os seus vizinhos”, avaliou Aloizio.
Na vertente da inclusão social, prioridade da atual gestão do Governo Federal, o BNDES, segundo Mercadante, trabalhará para ser protagonista. “Seremos promotores de uma sociedade mais justa por meio das nossas linhas de crédito e das ações de fomento. Vamos enfrentar as enormes desigualdades de gênero e de raça, chagas históricas que nos marcam profundamente. A agenda de gênero e de enfrentamento ao racismo estrutural será a estratégia de negócio do BNDES”, disse.
Também acompanharam a posse do novo presidente do BNDES, a senhora Janja Lula da Silva; o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin; a ex-presidente Dilma Roussef; o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas; o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes; a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e diversos outros ministros do Governo Federal; o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro; e o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes.
Fonte: Secretaria de Comunicação da Presidência da República
Confira outras notícias da editoria POLÍTICA clicando aqui.