Search

quinta-feira, 13 fev, 2025

BRASIL

Polícia prende um dos homens que participou do ataque ao MST em SP

© Foto reprodução

Homem confessou o crime e deu indicação sobre os paradeiros dos comparsas

A Polícia Civil de São Paulo anunciou em entrevista coletiva concedida, neste sábado (11), que prendeu um dos homens que participaram do ataque a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Tremembé, cidade do interior daquele Estado. No ataque duas pessoas morreram e seis ficaram feridas.

Segundo o delegado seccional de Taubaté, Marcos Ricardo Parra, o homem, que tem 41 anos, foi reconhecido por testemunhas e pessoas hospitalizada, as quais disseram que teria liderado o ataque.

A polícia chegou até ele, porque os criminosos invadiram o acampamento com os rostos descobertos. O homem detido já era conhecido na comunidade.

Ainda segundo delegado Parra, o homem confessou a participação no crime, mas negou a participação nos homicídios. Ele deu indicações dos possíveis paradeiros dos comparsas. O policial destacou que, quanto à participação dele no crime, a polícia “trabalha na condição de certeza”.

A Polícia Civil informou, ainda, que outro suspeito de ter participado do ataque foi identificado, mas segue foragido. As investigações sobre a motivação do crime estão em andamento, mas a polícia acredita que está ligado à disputa por um lote do assentamento.

“Com o assentamento fechado que é, eles têm ali um entendimento de existir concordância para a admissão de pessoas novas no local. Até onde a gente apurou, essa concordância não teria acontecido nessa comercialização do terreno”, relatou o delegado na coletiva de imprensa.

De acordo com o policial, os homens teriam tentado intimidar o grupo, sem sucesso. Isso teria causado a escalda do conflito:

“O homem e seu grupo estariam lá para, num primeiro momento, intimidar. Como não intimidou e aconteceu, na verdade, uma repulsa da presença deles lá, a gente tem o nascimento de um confronto envolvendo arma branca e arma de fogo, que levou ao resultado trágico de mortes e várias pessoas lesionadas”, complementou o policial.

O delegado adiantou que a polícia ainda não sabe se o réu confesso queria comprar o terreno ou negociava para um terceiro. O ataque teria sido motivado por uma “cobrança de posição” e não por invasão ou disputa de terra.

“A motivação foi o problema interno de pessoas do próprio assentamento, entre elas, ou seja, sem nenhuma conotação com invasão ou proteção de terra. Foi uma cobrança de posição em relação à permissão de negociar o terreno ou não. A gente não conseguiu, até agora, entender se ele era o adquirente ou se ele era o intermediário. Seja como for, ele estava lá para modificar o pensamento dos demais”, esclareceu o delegado Parra.

No local, os policiais apreenderam armas brancas, como foices e facas; armas de fogo e um carro. O material será periciado em busca de impressões digitais de outros criminosos. O policiamento segue reforçado na região.

Investigação da Polícia Federal

Na tarde deste sábado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) determinou a instauração de inquérito pela Polícia Federal (PF) para investigar o ataque ao assentamento.

O ministro em exercício, Manoel Carlos de Almeida Neto, apontou no ofício enviado à PF que o caso apresenta violação aos direitos humanos das famílias do assentamento. Uma equipe da Polícia Federal, integrada por gentes, perito e papiloscopista foi ao assentamento, no sábado, para iniciar as investigações sobre o crime.

O ataque
O ataque aconteceu na noite de sexta-feira (10), por volta das 23h, no assentamento Olga Benário, que fica na Estrada Kanegae, na zona rural de Tremembé, cidade do interior paulista. Dois homens foram mortos a tiros e seis pessoas ficaram feridas após serem baleadas.

A ocorrência foi registrada na delegacia de plantão da cidade e é investigado como homicídio e tentativa de homicídio. Segundo o boletim de ocorrência, testemunhas e sobreviventes contaram que cinco carros e três motos invadiram o assentamento. O ataque foi efetuado por homens que estavam nos veículos.

Dois assentados: Valdir do Nascimento de Jesus, de 52 anos; e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, foram as vítimas fatais. Ambos morreram no local.

Outras seis pessoas foram baleadas: três homens e três mulheres, que foram levados para o Hospital Regional de Taubaté e para o pronto-socorro de Tremembé. Não há informações sobre o estado de saúde dos feridos.

Há cerca de 20 anos, o assentamento conta com regularização do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para o MST. Segundo a assessoria do grupo, mais de 45 famílias vivem no local.