Advogado especialista em direito do trabalho, Giovanni Cesar esclarece as diferenças de cada regime de contratação e orienta profissionais sobre seus direitos
Em um mercado de trabalho cada vez mais dinâmico, muitos profissionais se deparam com a difícil escolha entre a segurança da CLT e a flexibilidade da PJ. Apesar da estabilidade da carteira de trabalho, a possibilidade de maiores salários oferecidos pelo modelo de pejotização parece atrair muitos profissionais. De acordo com dados do Mapa de Empresas, do governo federal, o primeiro quadrimestre de 2024 contou com um total de 21.738.420 empresas ativas, incluindo matrizes, filiais e microempreendedores individuais (MEI). No mesmo período, o Novo CAGED registrou a criação de 1.088.955 postos de trabalho formais.
Para ajudar a entender melhor as diferenças entre os regimes de contratação CLT e PJ, o advogado especialista em direito do trabalho Giovanni Cesar explica as vantagens e desvantagens de cada modelo.
Vantagens e desvantagens de CLT e PJ
Trabalhar com carteira assinada (CLT) oferece uma série de benefícios, incluindo férias remuneradas, 13º salário, FGTS e seguro-desemprego. Em contrapartida, há uma retenção significativa de impostos e contribuições, o que reduz o salário líquido do trabalhador. Por exemplo, um trabalhador com salário bruto de R$ 10 mil recebe, em média, R$ 7,5 mil líquidos mensais após todos os descontos.
Já optar pela contratação como PJ proporciona uma remuneração líquida maior, pois não há retenção de INSS e Imposto de Renda na fonte. No entanto, a responsabilidade pela gestão financeira, incluindo a contribuição para a Previdência Social e o pagamento de impostos, recai totalmente sobre o trabalhador. Além disso, não há garantias trabalhistas como férias remuneradas e seguro-desemprego.
O que é pejotização?
A pejotização ocorre quando duas pessoas jurídicas firmam um contrato sendo que, na prática, é uma relação trabalhista disfarçada. O problema surge quando a empresa exige do PJ as mesmas obrigações de um CLT, como horários fixos e pessoalidade no serviço prestado. Na teoria, uma pessoa jurídica deveria ter liberdade para gerir seu trabalho, mas muitas vezes isso não acontece, o que caracteriza fraude trabalhista.
Como funciona a contratação PJ?
Na contratação PJ, o profissional abre uma empresa com um CNPJ e emite notas fiscais para a prestação de serviços. Essa modalidade permite maior autonomia e pode resultar em uma remuneração líquida mais alta por conta da menor incidência de impostos.
Quais são os principais benefícios da contratação CLT?
A contratação CLT oferece benefícios trabalhistas garantidos por lei, como férias remuneradas, 13º salário, FGTS, seguro-desemprego, entre outros. Essa modalidade proporciona maior estabilidade e segurança financeira para o trabalhador.
Quando vale a pena optar pelo regime PJ e quais são os riscos?
Vale para os profissionais que buscam maior flexibilidade e têm potencial para negociar um salário que compense a ausência de benefícios trabalhistas. Já os principais riscos incluem a falta de garantias trabalhistas, a responsabilidade pela gestão fiscal e contábil, e a instabilidade de renda. Fato é que 99% dos PJs não contribuem com a Previdência, o que significa que eles não têm tempo de aposentadoria acumulado. Além disso, ao ser desligado, o PJ não tem direito a benefícios, como o seguro-desemprego.
Quais outras maneiras uma empresa tem para disfarçar um trabalho sem legislação?
Algumas empresas tentam disfarçar um trabalho sem legislação empregando práticas como exigir pessoalidade e frequência do prestador de serviços. Se a empresa exige que o mesmo prestador realize o trabalho regularmente, como três ou mais dias por semana, isso caracteriza um vínculo empregatício. É importante lembrar que PJ não é funcionário.