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domingo, 8 dez, 2024

Economia

Para fazer caixa, Americanas deve fechar 100 lojas nos próximos meses

Foto autoria provável: Roberto Dornellas ou Jorge Couri
Foto autoria provável: Roberto Dornellas ou Jorge Couri

 Meta da empresa é focar na venda de produtos mais baratos, como eletroportáteis, bebidas e alimentos, cujos preços cabem no bolso dos clientes

Acumulando um prejuízo de R$ 1,41 bilhão no primeiro semestre deste ano, a Americanas anunciou que vai focar na venda de produtos mais baratos, e fechar mais lojas nos próximos meses. Ainda em 2024, empresa deve retomar a venda de ativos, enquanto decide pela melhor estratégia jurídica para conseguir o ressarcimento dos prejuízos gerados pela antiga diretoria.
A varejista, segundo o CEO Leonardo Coelho, e a diretora financeira, Camille Faria, ambos da companhia, disseram ao jornal O Globo que a Americanas, apesar de já ter reduzido o rombo de mais de R$ 25 bilhões descoberto ano passado, ainda tem muito a fazer para a sua recuperação. Atualmente, a empresa enfrenta um processo de recuperação judicial
“Quando analisamos a geração de caixa operacional, os primeiros seis meses mostraram que conseguimos trazer a operação para um patamar próximo ao equilíbrio. Ainda há muito a ser feito. Esperamos uma melhoria contínua a partir dos resultados atuais. Queremos que o terceiro trimestre seja melhor que o segundo, e o quarto melhor que o terceiro. É o que esperamos”, disseram os executivos ao veículo.
Para atingir tais propósitos, uma das medidas será o fechamento de, pelos menos, 100 unidades nos próximos 12 a 15 meses. Entre o ano passado e junho deste 2024, foram fechadas 181 lojas. Além disso, a Americanas vai intensificar a venda de produtos mais baratos nas lojas físicas em funcionamento.
Uma das categorias prioritária será a de eletroportáteis – liquidificadores, sanduicheiras e chapinhas -, seguida por alimentos, bebidas e produtos de higiene e beleza.
“Temos ainda utilidades domésticas e brinquedos, com opções entre R$ 20 e R$ 30, que cabem no bolso do cliente. No sortimento das lojas, os produtos de menor valor, essenciais para enfrentar este momento de menor poder aquisitivo, devem ganhar mais espaço. Não vendemos mais geladeiras, notebooks ou produtos de linha marrom”, explicou o CEO, ressaltando que, no segmentos de eletrodomésticos, a casa vende apenas TVs de até 32 polegadas, porque são mais baratas. Leonardo Coelho ressaltou ainda que haverá um recuo ainda maior das vendas on-line, que estão quase estabilizadas, em favor do varejo físico: ”coração da Americanas”.
De acordo com Camille Faria, o processo de recuperação judicial deve ser concluído no início de 2026. Já a venda de ativos, parte do acordo com os credores, pode ter início ainda este ano, com a venda da Uni.Co, dona do Imaginarium. Com a venda da Hortifruti Natural da Terra (HNT), Shoptime e Submarino, a Americanas pretende arrecadar aproximadamente R$ 1 bilhão, valor que será usado para abater as dívidas.
“Os ativos estão em estágios diferentes. No caso da Uni.Co, podemos começar o processo de venda ainda este ano. Já na HNT, ainda há melhorias a serem feitas na operação. Com a Ame, estamos integrando a atividade à Americanas, o que elimina a necessidade de algumas licenças e nos leva a considerar a venda. Além disso, houve mais de um interessado em Shoptime e Submarino, o que nos surpreendeu”, explicou a executiva ao Globo.
Quanto ao processo de ressarcimento dos prejuízos causados pela antiga diretoria, Leonardo Coelho reforçou que a Americanas vai correr atrás, e para isso, está analisando todas as possibilidades.
“A busca pelo ressarcimento dos prejuízos sofridos pela Americanas é uma prioridade tanto para o Conselho de Administração quanto para a atual diretoria. Estamos avaliando todas as possibilidades para garantir esse ressarcimento à companhia. Vamos em frente. Entre as opções, estamos considerando ações de responsabilidade contra os ex-administradores. Essa é uma decisão que faz parte de uma estratégia jurídica mais ampla”, observou Coelho.

As ações da Americanas caíram 70%, nesta quinta-feira (15), data a partir da qual os credores puderam iniciar a venda das ações resultantes da conversão das dívidas da empresa – R$ 12 bilhões de dívidas em 9 bilhões de papéis – durante o aumento de capital em julho.

Patricia Lima