Alcançar um cargo de liderança não é uma tarefa fácil. Ainda assim, segundo a pesquisa Marca Empregadora, da consultoria Randstad, realizada com 3.770 pessoas no Brasil e divulgada em 2022, o número de trabalhadores que querem crescer profissionalmente aumentou depois da pandemia de Covid-19. Para 75% das pessoas entrevistadas, a possibilidade de progressão de carreira foi aquela considerada a mais atraente na escolha pelo emprego. Contudo, é necessário lembrar que cargos mais altos em uma empresa demandam, muitas vezes, um papel de liderança. E é nesse ponto que podem residir problemas de autoridade e submissão.
Ao chegar a um cargo de que demanda gestão, conforme explica a mentora de líderes Carol Castro, que é criadora do método Líder HOP de desenvolvimento de equipes de alta performance, não é incomum encontrar pessoas que enfrentam a insubordinação de colaboradores perante sua autoridade. Para contornar essa questão, a especialista faz um alerta: “a raiz da submissão é a mesma da autoridade”. Ou seja, a dificuldade de uma pessoa em se submeter a uma regra empresarial dá origem à incapacidade dos outros, quando são seus colaboradores, de se submeter a esse líder.
Isso é perceptível sempre quando alguém exerce a autoridade como líder, e não quando está na condição de subordinado, segundo a mentora. “Eu sempre digo: não vai doer falar que você se submete a uma regra. Quando um líder toma esta atitude de não se submeter, se enquadra no perfil de rebeldia, a posição de quem quebra as regras do sistema. Isso contamina o time do líder, que também se sente à vontade de se tornar rebelde contra ele”, afirma.
Carol Castro aponta quatro dicas para que um líder evite rebeldia da equipe e conflitos entre autoridade e submissão. Confira!
Reflita sobre sua submissão
Estar submisso a uma pessoa em uma empresa é se dispor a obedecer, seja a um gerente, gestor ou diretor, por exemplo. Em outras palavras, conforme explica a mentora, isso significa submeter a sua voz, suas decisões ou mesmo a própria autoridade a autoridade de outra pessoa. A partir disso, a mentora sugere uma reflexão sobre como o líder tem se posicionado em relação às decisões superiores a ele dentro do ambiente corporativo. “Todos somos dotados de vontade própria sobre nossa vida e de poder de decisão. Mas quem é digno de ter autoridade sobre você? Da mesma maneira, é importante se perguntar, enquanto líder, se você tem sido digno de que outra pessoa fique subordinada à sua vontade. É importante refletir se agimos com rebeldia”, reflete.
Trabalhe sua submissão
Carol comenta que é natural que uma pessoa não concorde com tudo o que lhe é solicitado em uma empresa. Entretanto, é importante que alguém, na posição de líder, faça um exercício de se submeter às decisões superiores para o bom andamento do trabalho e para servir de exemplo para a sua equipe. “É uma tarefa dolorida, mas necessária. Não adianta ficar sempre no lugar de rebeldia, ou a equipe vai se posicionar da mesma maneira”, afirma. Para a mentora, muitos casos como esse refletem a imaturidade do líder em não aceitar autoridade de outra pessoa, o que pode respingar no tratamento que ele recebe de seu time. “Um deslize pequeno pode fazer com que alguém perca seu poder de liderança perante os colaboradores”, diz.
Saiba como tratar da insatisfação de seu time
Quando uma pessoa está na posição de líder e a decisão sobre uma reclamação da equipe escapa de seu poder, ou seja, ele precisa levar essas questões para quem decide, é preciso ficar atento às próprias reações. Nesse momento em que funcionários estão insatisfeitos e reivindicam alguma demanda, quem está à frente de uma equipe não pode morder a isca desta reclamação e não deve mostrar concordância ou discordância com o fato apresentado. “Quando eu expresso a minha opinião e aceito como correta uma demanda do time, por exemplo, eu me revolto contra a empresa. Isso fere a minha submissão aos meus gestores”, explica Carol.
Segundo a mentora, o papel do líder é colher as informações e levá-las para quem pode revolver o problema. “Chegue na coordenação da empresa e tente argumentar. Seja qual for a decisão, isso precisa ser repassado aos colaboradores, sem opiniões ou juízo de valor”, aconselha.
Honre a posição de líder
Se alguém gere uma equipe e responde por ela aos seus superiores, precisa honrar esse cargo que ocupa. Isso significa que ela deve representar e concordar com os anseios da organização perante esse grupo de colaboradores para que os resultados sejam atingidos. “Se alguém é líder, significa que está abaixo de uma hierarquia. Então, precisa concordar com o que aquela instituição faz. Independente das opiniões pessoais, o líder deve responder aos seus superiores. Se ele não concorda com algo, deve se dirigir a quem toma as decisões e não pode falar mal da empresa com seu time. Caso não consiga mais aceitar as regras e decisões, o melhor é avaliar se vale a pena permanecer nessa empresa”, explica.
De acordo com Carol Castro, quando um líder passa a concordar com a organização ou é convencido sobre os valores do local de trabalho, a submissão acontece de forma natural. “Quando isso acontece, a missão já está nas mãos do líder. Ele também entendeu as metas da empresa e agora consegue transmitir isso para os seus subordinados e fazer sua autoridade valer”.
Sobre Carol Castro
Melhorar rotinas e processos e aprimorar o contato entre lideranças e colaboradores. Essas e outras atividades estão dentro do trabalho promovido pela mentora de líderes Carol Castro, que atua com palestras e eventos para empresários e líderes no aperfeiçoamento do trabalho corporativo. Carol trabalhou por 15 anos em uma multinacional Suíça de dispositivos médicos e odontológicos, na qual ingressou pela sua formação em Odontologia e, com isso, foi para a área de pesquisa e desenvolvimento. Porém, dentro da empresa passou a focar seu trabalho na formação de lideranças e para o alcance de resultados em diferentes setores da empresa.
Periodicamente, seu trabalho com os líderes das equipes era destinado a uma nova área, que tinha os processos aprimorados com a ajuda dos conhecimentos que Carol adquiriu, seja com fontes de estudo ou com o contato que tinha com as pessoas dentro da empresa. Dessa forma, desenvolveu o método Líder HOP (Human and Organizational Performance – Desempenho Humano Organizacional, na tradução para o português), um conjunto de práticas para melhorar os processos empresariais e que envolve capital humano, transformação organizacional e alcance de metas e resultados. Em 2022, após 15 anos na multinacional, a mentora passou a aplicar o HOP em outras empresas, com imersões para líderes mudarem a realidade de suas equipes.
Confira outros artigos da editoria OPINIÃO clicando aqui.