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domingo, 8 dez, 2024

OPINIÃO: Santos Dumont vs Tom Jobim

Santos
Divulgação

O título do texto de hoje parece indicar um embate entre dois grandes brasileiros. O inventor Alberto Santos Dumont e o músico Antônio Carlos Jobim. Em verdade, os dois dão nome aos aeroportos do Rio de Janeiro que foram notícia essa semana devido ao anúncio do Prefeito Eduardo Paes de que o terminal da Zona Sul perderá rotas para as pistas de pouso e decolagem da Zona Norte da cidade.

Prefeitura e Governo do Estado pediram e o presidente Lula acatou. O aeroporto Santos Dumont terá sua demanda reduzida, ficando restrito às pontes aéreas Rio/SP e Rio/Brasília.

Muito mais bem localizado e melhor assistido por modais de transporte público, o Santos Dumont viveu um boom de demanda nos últimos anos, inclusive, ultrapassando sua capacidade máxima de passageiros. Aparentemente, o movimento teria sido motivado pelo interesse do antigo governo em conceder a operação do terminal à iniciativa privada.

O aumento de usuários causado pela maior quantidade de rotas operando no local, custou a ociosidade do aeroporto Tom Jobim, deixando as instalações e lojas desertas, prejudicando comerciantes e a concessionária que opera o terminal.

Todo esse movimento quase fez a empresa Changi devolver o terminal para o Governo Federal e Infraero. Porém, o quadro deve se alterar nos próximos meses, caso a intenção de diminuir o fluxo de aeronaves no Santos Dumont se confirme.

No meio disso tudo, há o usuário que, sinceramente, odeia pousar no Tom Jobim. Considerado de difícil acesso pela pouca oferta de transporte público, distante do Centro da Cidade e cujo trajeto é um dos mais perigosos por conta de assaltos, tiroteios e arrastões nas vias expressas, o terminal é uma espécie de patinho feio nessa briga com o Santos Dumont.

Porém, interesses políticos falaram mais alto que o desejo dos usuários e, ao invés de limitar o raio de voo dos aeronaves que decolam e pousam no Santos Dumont – o que seria bem mais racional – manter-se-á no terminal da Zona Sul a ponte aérea Rio/SP, a rota mais movimentada do país, e a Rio/Brasília, a qual, por coincidência, atende muitos políticos que se livrarão do deslocamento da Ilha do Governador para chegar ao Centro da cidade.