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quarta-feira, 4 dez, 2024

Mundo

ONU emite alerta pela rápida elevação do Oceano Pacífico, que pode causar catástrofes em regiões costeiras

Secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres alerta para elevação do Oceano Pacífico/ Reprodução

 

Um alerta mundial foi emitido pelo secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, por conta da rápida elevação do Oceano Pacífico. Segundo o relatório apresentado pela organização, as temperaturas nos mares da região estão subindo muito mais rapidamente do que as médias globais.

 

Pesquisas já divulgadas comprovam que o aumento do nível do mar é consequência do aumento das temperaturas, que causa o derretimento das calotas polares. À medida que o aquecimento aumenta e o gelo derrete, o mar sobe de nível.

 

O relatório é preocupante e a ONU fala em “catástrofe global”: o nível dos mares subiu 15 centímetros nos últimos 30 anos em algumas partes do Pacífico. Segundo Guterres, “o avanço do oceano é uma preocupação global, já que isso pode afetar milhares de comunidades costeiras pelo mundo. No entanto, as ilhas do Pacífico são excepcionalmente expostas.”

 

Ele continuou: “Estou em Tonga para emitir um SOS mundial [‘salvem nossos mares’, do inglês ‘save our seas’] sobre a rápida elevação dos níveis do mar. Uma catástrofe em escala mundial está colocando em risco este paraíso do Pacífico.”

 

Mesmo com uma elevação média de apenas um a dois metros acima do nível do mar, cerca de 90% da população vive a apenas 5 quilômetros da costa e metade da infraestrutura está a 500 metros do mar.

Isso leva a concluir que as temperaturas da superfície do mar no sudoeste do Pacífico aumentaram três vezes mais rápido que a média global desde 1980, de acordo com o relatório regional compilado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).

 

Os números contrastam com a realidade das ilhas: elas são pouco povoadas, com pouca indústria e geram menos de 0,02% das emissões globais anuais de CO2. Ou seja, o que impacta a região não é sua própria emissão, mas as emissões globais. 

 

“É cada vez mais evidente que estamos ficando sem tempo para reverter a maré”, advertiu a argentina Celeste Saulo, secretária-geral da OMM.

 

Tempestades e inundações fazem parte da catástrofe 

 

O relatório também revelou que 34 “eventos de risco hidrometeorológico” relacionados principalmente a tempestades ou inundações no sudoeste do Pacífico causaram mais de 200 mortes e afetaram mais de 25 milhões de pessoas no ano passado. Segundo o documento, o aumento do nível do mar em alguns locais, como Kiribati e Ilhas Cook, foi similar ou um pouco abaixo da média mundial. Mas em outros lugares, como as capitais de Samoa e Fiji, a elevação foi quase o triplo da média — de 31 centímetros e 29 centímetros, respectivamente.

 

Segundo os cientistas que elaboraram o relatório, Tuvalu, um país insular de baixa altitude, poderá desaparecer nos próximos 30 anos, mesmo em um cenário de aquecimento global moderado.

 

“É um desastre atrás do outro, estamos perdendo a capacidade de reconstruir, de suportar outro ciclone ou outra inundação”, disse à AFP Maina Talia, ministro do Clima de Tuvalu. “Não devemos fechar os olhos às mudanças climáticas e ao aumento do mar”, concluiu.