Prédio, que foi sede da Rádio Nacional, abrigará 447 apartamentos, entre estúdios e unidades duplex. Preços ainda não foram definidos
As obras de revitalização do edifício A Noite, antiga sede da Rádio Nacional, terão início em novembro. O prédio, localizado na Praça Mauá, é um dos destaques do grande projeto de soerguimento do Centro do Rio, o Reviver Centro. Pelo projeto, além dos 447 apartamentos, os espaços do palco e da plateia serão mantidos e requalificados, passando a contar com dois restaurantes. A previsão é de que as obras sejam concluídas em dois anos.
O CEO da Azo Inc., José de Albuquerque, que comprou o edifício da Prefeitura do Rio, em 2023, adiantou que, no local, também será construído um mirante com vista panorâmica da região.
“O prédio é um ícone da cidade e tem uma vista deslumbrante. Por isso, teremos um mirante aberto ao público no topo, mediante a cobrança de ingresso. O acesso será por um terceiro restaurante, com elevador exclusivo”, informou José, segundo O Globo, cujo colunista Ancelmo Gois, revelou que o empreendimento terá uma espécie de calçada da fama no seu entorno, com os nomes dos artistas mais representativos da rádio gravados em placas em forma de estrelas. Entre eles estão Angela Maria, Cauby Peixoto, Marlene e Emilinha Borba.
O prédio A Noite, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), manterá a sua fachada em estilo art déco, mas terá as esquadrias de madeira trocadas por estruturas de alumínio, mantendo os tamanhos originais, de acordo com as determinações do Iphan. A intervenção é importante pela dificuldade de encontrar materiais similares no mercado. Por não integrar o projeto original, escada de emergência, instalada na lateral do prédio, será retirada. Mas o prédio será adaptado às atuais convenções contra sinistros.
Dos 447 apartamentos, 75% terão vista para a Baía de Guanabara, sendo a maior parte deles estúdios entre 33 e 44 m². Também estão previstos apartamentos duplex com 70 m². Os preços dos imóveis ainda não foram definidos, mas serão mais caros do que outros do Reviver Centro e Porto Maravilha, dado o seu valor histórico. José de Albuquerque acredita que o prédio não terá apenas um perfil residencial, com muitos proprietários alugando as unidades por temporada.
Fechado desde 2012, o prédio foi projetado pelo arquiteto francês Joseph Gire e inaugurado em 1929. Na época, o edifício foi considerado o primeiro arranha-céu do Rio, além de ser o mais alto da América Latina, com 23 andares e 102 metros de altura. O projeto é um marco no processo de verticalização, com o emprego de concreto armado na construção, explicou ao jornal ex-secretário de Planejamento Urbano Washington Fajardo, um dos desenvolvedores do Reviver Centro. A antes de ser repassado à prefeitura, o imóvel pertencia à União.
De acordo com vice-presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-Rio), Leonardo Schneider, o retrofit do edifício será crucial para a revitalização do Centro, permitindo atração de investimentos e a reabertura de escritórios na região, que, atualmente, conta com 40% de taxa de desocupação, contra 60%, na pandemia.
Por conta dos esforços da Prefeitura e do setor privado, entre 2022 e 2024, o Centro registrou um aumento de 53,2% no número de apartamentos vendidos anualmente, passando de 479 para 729; e 35% dos comerciais, saltando de 868 para 1.172, de acordo com o Secovi.
Na próxima sexta-feira (13), os detalhes do projeto serão apresentados a convidados no antigo edifício do Touring, também na Praça Mauá.
Patricia Lima