A alocação em Bolsa no Brasil está baixa demais?

A alta da Bolsa brasileira este ano tem sido um lembrete de que, mesmo que nada mude de forma significativa no País, o mercado pode surpreender – e penalizar quem está de fora.
Para o BTG Pactual, muitos alocadores e family offices reduziram sua exposição a ações brasileiras a “crypto levels” – criptomoedas geralmente ocupam uma posição ínfima das carteiras – e o rali recente começa a criar um fear of missing out, disse o BTG.
“Se for esse o caso e os estrangeiros continuarem impulsionando a valorização, quando os investidores locais irão reverter suas carteiras para ativos de maior risco? Talvez tenhamos essa resposta em questão de semanas, não meses”, escreveu o analista Eduardo Rosman depois de três dias de reuniões com gestores no Rio de Janeiro.
Rosman lembra que o Brasil não é o único mercado emergente em alta este ano – e também não é o que mais tem subido.
A realocação global de recursos em meio às dúvidas sobre o futuro da economia americana e o valuation do setor de tecnologia nos EUA levou muitos investidores a sair da NYSE e Nasdaq em direção a outras Bolsas.
Uma pesquisa do Bank of America com gestores de fundos globais mostra uma queda recorde na alocação em ações americanas – o que beneficiou outros países desenvolvidos e os emergentes.
Segundo o JP Morgan, os mercados desenvolvidos da Europa já receberam US$ 14 bilhões em investimentos este ano – enquanto de 2018 a 2024 houve saída líquida de recursos da região todos os anos.
O Brasil recebeu R$ 5,5 bilhões em 2025, sem contar a transação Cosan-Vale. No mesmo período de 2024, o fluxo estava negativo em R$ 22 bilhões.
Mas com os juros altos e as perspectivas ruins para a economia brasileira, os investidores locais continuam reticentes.
A dúvida é até quando. “Muitos gestores estão analisando os cenários para a eleição de 2026 e acreditando que haverá mudanças que podem colocar a economia numa trajetória mais racional,” diz um executivo de um banco.
“Ao mesmo tempo, há os que acreditam que é cedo demais para antecipar 2026, então não existe uma tendência clara de investimentos. Só que o mercado pode mudar muito rápido.”
Nesses três dias de reuniões no Rio, o BTG viu gestores investindo mais em utilities e vendendo ações do setor financeiro, que subiram mais que o Ibovespa no ano.
“Se os gringos são os que podem continuar impulsionando o rali, os cariocas deveriam estar tão expostos a utilities? Em um cenário de risk-on, todos os setores tendem a se sair bem, mas alguns vão superar utilities,” diz o BTG.
“Quem será o primeiro a mudar essa estratégia? Tivemos muitos debates sobre isso, mas sem muita confiança no que fazer.”
Segundo o banco, o fluxo ainda baixo para a Bolsa brasileira é um fator que deixa os investidores em dúvida sobre qual deve ser o comportamento dos estrangeiros nos próximos meses.
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