Adoção de blockchain pelo BC pode evitar golpes e fraudes
Especialistas comentam as vantagens da blockchain e como investidores podem se proteger de golpes e fraudes no mercado cripto

Golpes e fraudes cometidos mundo afora têm sido cada vez mais comuns. Para evitá-los, instituições autorizadas continuam executando a segurança de produtos e serviços financeiros, através de mecanismos tecnológicos e ferramentas de combate a crimes virtuais. Essa é uma prática fomentada pelo Banco Central, com o apoio de normas, cujo objetivo é que haja cada vez mais procedimentos e controles para prevenir as empresas de fraudes em casos específicos, a exemplo dos serviços de pagamentos (Resolução BCB, Nº142, de 2021).
O BC também fomenta, por meio dessas normas, a possibilidade de as instituições compartilharem entre si informações quanto às ocorrências e/ou tentativas de fraudes identificadas (Resolução Conjunta nº6 e Resolução BCB Nº343). Da mesma maneira, esse apoio do Banco Central acontece na esfera internacional, para melhorar os contratos de importação e exportação, bem como no BRICS, atuando na melhoria das transações financeiras dos países do Bloco, e no combate aos golpes e fraudes ocorridos.
Neste ano de 2025, o governo federal brasileiro propôs o uso da tecnologia cripto, através da blockchain, como alternativa para facilitar as transações internacionais entre os países do BRICS. Gabriel Della Torre, sócio da CriptoBrasil, empresa para venda de serviços de educação e desenvolvimento no mercado de criptomoedas, tokenização e NFTs, acredita que as transações financeiras nos contratos de importação e exportação podem, sim, ser facilitadas pelo uso de blockchain; para o executivo, o mecanismo de banco de dados avançado é considerado como um facilitador em várias maneiras diferentes. “Uma transação internacional hoje, para importação ou exportação de produtos, envolve um custo operacional alto, variando de 3% a 5% do valor enviado (taxa bancária, taxa SWIFT, spread cambial, intermediários, IOF), com o uso de stable coins – ativos pareados em moedas fiduciárias –. Já a taxa de transação de uma rede blockchain costuma ficar em centavos de dólares, independente do valor envolvido na operação, barateando o custo operacional. Além disso, a confiança entre exportador e importador é essencial para evitar o risco de inadimplência, que pode inviabilizar certos negócios”, explica Della Torre.
Golpes e fraudes no Brasil em 2024
De acordo com o Serasa, só em 2024, as tentativas de fraudes bancárias subiram 10,4%, vitimizando 50,7% dos brasileiros, com um salto de 9 pontos percentuais em relação a 2023. Segundo dados do Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian, se essas fraudes registradas em 2024 tivessem sido concretizadas, o país teria sofrido com um prejuízo que poderia chegar a R$51,6 bilhões. Della Torre comenta que, se nas transações internacionais praticadas entre os países do Bloco, a tecnologia utilizada para evitar golpes e fraudes for a blockchain, será possível rastrear a mercadoria e pré-bloquear o valor devido. “Dessa forma, o pagamento é automaticamente executado ao exportador no momento da entrega, eliminando o risco de inadimplência”, explica.
“No momento, além da blockchain, não há alternativa superior. Essa é a maior inovação do século e atende a muitas dores do processo ao mesmo tempo. Sistemas tradicionais são extremamente ultrapassados para transações internacionais. Os sistemas de pagamento instantâneo não estão conectados, e poucos países possuem essa tecnologia, atrasando e aumentando o custo dos negócios”, explana o executivo, ao esclarecer o porquê de a blockchain ter sido a alternativa tecnológica escolhida pelo governo brasileiro para facilitar as transações internacionais entre os países do BRICS.
A dificuldade do DREX em manter a privacidade e o controle do Banco Central sobre as operações realizadas no ambiente digital descentralizado
De acordo com Della Torre, o DREX vive um momento delicado e de muita cautela, pois seu objetivo é garantir privacidade ao cidadão a partir de uma tecnologia transparente, ao mesmo tempo em que garante a possibilidade de fiscalização pelos órgãos públicos, para que as leis sejam cumpridas. “E essa é uma tarefa complicada, pois a transparência pode revelar dados desnecessários e que deveriam ser privados para a garantia da liberdade do indivíduo. Ao mesmo tempo, o excesso de privacidade também pode impactar o trabalho efetivo de proteção à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo. Hoje, o Banco Central e os desenvolvedores do DREX estão em busca da melhor tecnologia para atender ambas as questões, e esse é um grande desafio”, esclarece o executivo.
Por que golpes e fraudes acontecem no mercado cripto e como o investidor pode evitá-los?
O Consultor de Infraestrutura e Segurança da Kstack, Ésio Pellissari, explica que as criptomoedas são descentralizadas e a maioria não está no Brasil. “Por isso, o investidor deve agir com cautela”, aconselha o especialista, comentando sobre as perdas que investidores tiveram ao serem vítimas de golpes e fraudes no mercado cripto. “O correto é documentar todas as transações realizadas, assim como mensagens, e-mails, nome de usuário e endereço dos diversos sistemas, com o objetivo de garantir que as blockchains estejam o.k. e, assim, conseguir rastreá-las. Para isso, há o Blockchain Explorer e o EtherScan, ferramentas digitais que permitem aos usuários visualizarem e interagirem com as informações contidas em uma blockchain. Já no Brasil, há a delegacia de crimes cibernéticos da Polícia Civil, onde a denúncia sobre golpes e fraudes pode ser feita, assim como pela CVM, Procon e Reclame Aqui. O investidor também deve se lembrar de notificar as empresas do ocorrido”, finaliza o especialista.
Elevação da Taxa Selic a 14,25%
Nesta terça e quarta-feira, dia 18 e 19 de março, pelo quinto ano consecutivo, a Taxa Selic pode chegar a 14,25%. Desde 2006, foi o nível mais alto, segundo o indicado pelo Copom, Comitê de Política Monetária do Banco Central, durante sua última reunião, em janeiro deste ano. Essa decisão acontecerá durante reunião dos dois dias consecutivos, para elevar em 1 ponto percentual a taxa básica de juros da economia do Brasil. Atualmente, são 13,25% ao ano. Como instrumento principal para controlar a inflação, a Taxa Selic deve atingir o maior patamar em 19 anos. A alta da inflação fez com que o BC intensificasse o aumento dos juros, com o objetivo de conter o consumo e os preços.
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