SLC compra R$ 900 milhões em terras com desconto de 40% sobre o portfólio

Sacrificando o preço da ação no curto prazo por uma estratégia de crescimento no longo, a SLC Agrícola acaba de pagar R$ 913 milhões por 48 mil hectares que já operava de uma subsidiária da Mitsui, a Agrícola Xingu.
O mercado puniu o movimento: a ação abriu em queda de 3,4%, negociando a R$ 18.
A empresa dos Logemann não ficou duas semanas com dois terços de terras arrendadas — a proporção tida pelo management como meta para sua estratégia asset light.
Na semana passada, a SLC havia arrendado 63 mil hectares e afirmou que poderia voltar a adquirir terras para possibilitar novos arrendamentos no futuro.
Segundo analistas, o negócio mostra que a estratégia da SLC de investir pesado em um momento de baixa do mercado está “a todo vapor” — mas impacta a atratividade do papel no curto prazo.
O valor pago pelos 40 mil hectares da Fazenda Paladino, localizada na Bahia, foi de R$ 723 milhões em duas parcelas, ou R$ 32,9 mil por hectare.
Já os 8 mil hectares da Fazenda Pamplona, que fica em Minas Gerais, custaram R$ 190 milhões em duas parcelas, o correspondente a R$ 36,2 mil por hectare.
Os valores implicam um desconto de cerca de 40% em relação ao portfólio da SLC, disse o Bradesco. Se analisados os valores médios de terras maduras nas próprias regiões, os preços pagos foram respectivamente 34% e 50% inferiores, disse o BTG.
O BTG entende o movimento como natural após a empresa alcançar a proporção de dois terços de terras arrendadas, e disse que o negócio pode ser uma aposta anticíclica.
“Assim a SLC se posiciona para capturar uma potencial valorização quando o ciclo de alta voltar,” disse o time liderado por Thiago Duarte. “Essas terras também podem se beneficiar de mais investimentos.”
O banco não descarta, no entanto, uma pressão nos preços no curto prazo. Isso porque os quase R$ 2 bilhões comprometidos com M&As entre 2025 e 2026 impactam a geração de caixa da empresa e indicam a necessidade de alavancagem adicional.
A SLC encerrou 2024 com uma taxa de alavancagem de 1,8x EBITDA, abaixo do soft guidance de 2x, o que pode justificar a busca pela aquisição, disse o BTG.
“A ação continua sendo uma das nossas principais escolhas, pois acreditamos que oferece uma rara mistura de crescimento e valor, garantindo terras de alta qualidade a um preço atraente enquanto opera no fundo do ciclo de commodities,” disseram os analistas.
Para o time do Bradesco, a busca da SLC por crescimento — somado ao ambiente de preços da soja e do algodão — deixa a ação sem gatilhos para alta no curto prazo.
O BTG tem recomendação de compra para SLC e preço-alvo de R$ 24, o que implica uma valorização de 29% em relação ao fechamento do último pregão. O Bradesco tem recomendação neutra e preço-alvo de R$ 22, indicando um potencial de alta de 18%.
A companhia vale R$ 8 bi na Bolsa.
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