González já está em solo espanhol, segundo Maria Corina Machado, líder da oposição
O candidato opositor de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, Edmundo González deixou o país depois de receber asilo político da Espanha. A informação foi confirmada pelo ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, através de sua conta no X. “Edmundo González, a seu pedido, está voando para a Espanha em um avião da Força Aérea Espanhola”, escreveu, acrescentando que o governo espanhol “está comprometido com os direitos políticos e a integridade física de todos os venezuelanos.”
No entanto, foi a aliada de González e principal líder opositora da Venezuela, María Corina Machado, que confirmou neste domingo, 8 de setembro, que o ex-candidato já se encontrava na Espanha. Ela afirmou que a vida dele estava em perigo, além do que “as crescentes ameaças, intimações, ordem de prisão e até mesmo as tentativas de chantagem e coerção das quais ele foi alvo demonstram que o regime não tem escrúpulos nem limites em sua obsessão de silenciá-lo e tentar subjugá-lo”, escreveu.
Juan Pablo Guanipa, líder do partido venezuelano de oposição Primero Justicia, também usou a sua conta no X para se pronunciar. “Não importa onde ele esteja, devemos continuar lutando para que o triunfo dele seja respeitado.” Ele continuou: “o importante é que ele foi eleito, que sua eleição foi comprovada, e que a soberania popular deve ser respeitada.”
Eleições em xeque
González representou a oposição venezuelana nas eleições presidenciais, após Maria Corina Machado, a líder do bloco contrário a Maduro, ser impedida de se candidatar. De acordo com as atas eleitorais – espécie de boletins de urna – publicadas pela oposição após as eleições, González venceu com uma ampla maioria.
No entanto, o Conselho Nacional Eleitoral declarou Nicolás Maduro como o vencedor, um resultado que tem sido questionado internacionalmente, pois as atas que o confirmariam ainda não foram divulgadas. O órgão é controlado por aliados do presidente.
O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela validou, no dia 22 de agosto, os resultados que deram a vitória a Maduro. E, na segunda-feira, 2 de setembro, um juiz venezuelano ordenou a captura de Edmundo González por suposta “usurpação de funções, falsificação de documento público, incitação à desobediência das leis, conspiração, sabotagem de sistemas e delitos de associação criminosa.”
O ex-candidato não compareceu à Justiça, apesar das sucessivas convocações, e estava na clandestinidade desde 30 de julho. A violência após as eleições na Venezuela resultou na morte de pelo menos 27 pessoas e deixou 192 feridos.
O governo de Nicolás Maduro prendeu mais de 2,4 mil pessoas desde as eleições, o que, segundo as Nações Unidas, criou “um clima de medo.” Já a líder opositora Maria Corina Machado apareceu em eventos públicos após as eleições e declarou que não tem intenção de deixar o país.