A região do MATOPIBA é conhecida pelo acrônimo que determina os 4 estados do Brasil formados pelas primeiras sílabas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia e considerada grande fronteira agrícola nacional, rica na produção de grãos, fibras e fontes naturais com forte tendência para o desenvolvimento em turismo.
A fronteira emergiu em uma região de grande relevância para a expansão da produção de soja, milho e algodão e de criação de bovinos e caprinos no cenário nacional brasileiro nas últimas décadas.
A presença de extensas áreas disponíveis para o cultivo e condições climáticas favoráveis, fundamentaram a perspectiva crescente em relação ao plantio e para lá se estabeleceram médias e grandes empresas produtoras de grãos.
A safra de 2023/24 foi de 4.800.000 hectares com plantio de soja que somaram a produção de 18,5 milhões de toneladas, que representa cerca de 12,3% do total produzido no Brasil.
A extensão da BR 235 traçado de Alto Parnaíba ( Maranhão) a Pedro Afonso( Tocantins) de aproximadamente 300 kms e sua conexão com a ferrovia Norte /Sul ligando aos portos de Itaqui, no Maranhão e Santos ( SP) é a principal obra relevante que falta para facilitar o escoamento da produção de grãos e barateamentos de sua logística.
Emanuella Rocha é um exemplo de como o mercado se abriu para a expansão dos empregos na área.
Graduada em Engenharia, em Palmas ( Tocantins), especializou-se em edificações rurais e retornou à sua cidade ( Alto Parnaíba- Ma), após 7 anos.
Atualmente a sua empresa têm portfólio de obras projetadas e executadas em escritórios, administração, refeitórios, alojamentos, casas de fazenda, postos de combustível, elevadores de máquinas, guaritas, além de obras industriais como a produção de calcário.
“ Tenho uma equipe treinada e de execução devidamente célere que garante estabilidade e com o crescimento da demanda de novas obras, temos a geração de empregos e rendas nos diversos setores da construção civil; prestação de serviços e nos demais setores como supermercados, restaurantes, postos de combustíveis, dentre outros “, explica a Engenheira, lembrando que a falta de boas estadas são problemas especialmente nas zonas rurais.
A ponte sobre o Rio Parnaíba ligando Santa Filomena ( sudoeste do Pi) a Alto Parnaíba ( sul do Ma), em 2021, reduziu o valor do frete e foi determinante para a logística para quem cruza para o Maranhão e Tocantins ou para o Piauí e Bahia , pela BR 235.
Antes, a travessia era feita por balsas e os preços eram exorbitantes.
Em Tocantins, na região de Pedro Afonso, o movimento pela extensão da BR 235 conta os dias pelo início das obras e a sua construção, como destacou Ricardo Neves.
Eles acompanharam a assinatura do documento em que a ministra do Planejamento, Simone Tebet se comprometeu a licitar a obra em evento que contou com os representantes dos governos do Tocantins e do Maranhão, há quatro meses aproximadamente.
TERRAS VALORIZADAS
Com a ida dos empreendedores do Centro-Sul para a região, notadamente gaúchos, paranaenses, paulistas e mineiros, os valores do hectare tiveram crescimento fora do comum, como dos de cerrados, que ficam nos altos de serra.
O agricultor Gustavo Alencar, de Santa Filomena ( PI) lembra que as áreas de baixão, localizadas na baixa altitude e exploradas por menores produtores também se valorizaram.
“ As áreas de lugares de 500m de altitude, os cerrados ,onde estão os grandes produtores ( SLC e INSOLO), com mais de 10 anos têm produção de 250 a 300 sacas por hectare e valores acima de R$ 5 mil por hectare ( não há disponibilidade).
Em outros terrenos que ainda não tiveram muita exploração a produção varia de 150 a 200 sacas por hectare.
O preço do hectare nos baixões chegam a R$ 3 mil “, frisa Gustavo relembrando que até pouco tempo eram áreas pouco comercializadas.
O boom dos negócios com a terra foi de uma hora para outra. Muitos recorreram ao financiamento do Banco do Brasil e do Banco do Nordeste para a aquisição de máquinas. Com o tempo, o lucro é o próprio investidor.
Gustavo Alencar relembrou que até a construção da BR 235 e a ponte no Parnaíba, os preços não eram vantajosos. “ A logística era ruim e o lucro não compensava.
Atualmente a melhora é relevante e os investidores já se animam na extensão dos negócios “, acredita.
COMO TUDO ACONTECE
A região do semiárido é de chuva de outubro a abril.
A preparação do solo é feita nos meses de agosto e setembro.
O plantio da soja é em outubro. Após a colheita da soja, a produção seguinte é do milho e algodão .
O turismo da região é basicamente entre junho e setembro com as altas temperaturas e praias de rios como Parnaíba e Tocantins.