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sexta-feira, 6 dez, 2024

mundo

Israel ataca várias regiões de Líbano em retaliação às incursões do Hezbollah

Explosão após ataque de Israel em Zaita, cidade no sul do Líbano, nesta segunda-feira — Mahmoud ZAYYAT  (AFP) e O Globo
Explosão após ataque de Israel em Zaita, cidade no sul do Líbano, nesta segunda-feira — Mahmoud ZAYYAT  (AFP) e O Globo

Exército Israelense comunicou que atingiu 1.600 alvos do Hezbollah, como “mísseis de cruzeiro”, foguetes

Em retaliação ao ataque do Hezbollah a Haifa, Israel empreendeu ataques aéreos contra o grupo em várias regiões do Líbano. Na segunda-feira, aproximadamente 500 pessoas, inclusive crianças, teriam sido mortas durante as ações. O número, de acordo com a CNN seria metade do total de libaneses mortos durante a guerra de 34 dias entre Israel e Hezbollah, em 2006.
O exército de Israel comunicou ter atingido 1.600 alvos do Hezbollah, como “mísseis de cruzeiro”, foguetes e ogivas explosivas. As armas segundo os israelenses estariam escondidas em residências civis.
Em entrevista à AFP, o médico Jamal Badrane, que atua no hospital People’s Aid em Nabatieh, uma cidade do sul, classificou a ação de “catástrofe” e “massacre.”
“O bombardeio não para. Eles nos bombardearam quando estávamos ajudando os feridos,” teria dito o médico.
Após as milhares de explosões de pagers e walkie-talkies, atribuídas a Israel e que resultaram na morte de 39 pessoas e mais de 3 mil feridos, o sistema de saúde do país ficou sobrecarregado. Os ataques deste início da semana levaram o ministro da saúde a determinar o cancelamento de cirurgias eletivas nos hospitais do sul, para a prestação dos atendimentos de urgência durante os bombardeios.
Na capital Beirute, a população recebeu mensagens de alerta israelenses em telefones celulares e fixo informando que o exército israelense havia “direcionado” um ataque na região, com alvo em Ali Karake, comandante da frente sul do Hezbollah, segundo a AFP. Na sexta-feira (23), um bombardeio Israelense deixou 45 mortos na capital, incluindo civis e o comandante da Força al-Radwan, Ibrahim Aqil.
“Recebi uma mensagem no meu celular dizendo ‘se você estiver em um prédio onde há armas do Hezbollah, fique longe,’ disse um morador de Beirute à agência francesa.
A mesma mensagem, mas gravada, foi enviada a telefones fixos de muitos escritórios, incluindo o de Ziad Makary, ministro da Informação. “Quando a assistente do ministro atendeu, ela ouviu uma mensagem gravada pedindo que (os funcionários) deixassem o prédio ou se encontrariam sob bombas”, disse um funcionário do gabinete do ministro Makary, que denunciou a “guerra psicológica” supostamente travada por Israel.
Na estação de rádio oficial libanesa, que funciona no mesmo prédio, funcionários receberam uma mensagem semelhante e deixaram o prédio às pressas, informou um fotógrafo da AFP.
Diante do cenário, as instituições educacionais do centro de Beirute pediram a pais e responsáveis para buscassem suas crianças e adolescentes no meio do dia.
Na cidade Tiro, na costa do Líbano, centenas de pessoas procuraram abrigo em uma escola, enquanto outras acamparam nas ruas ou se sentaram nas calçadas à espera de orientações, disse Bilal Kachmar, funcionário da agência de gestão de desastres.
Em Sídon, uma das principais cidades do sul do Líbano, veículos que transportavam famílias inteiras ficaram presos em grandes engarrafamentos, de acordo com relatos de fotógrafos da AFP. O ministro da Saúde, ouvido pelo New York Times, teria afirmado que milhares de famílias foram deslocadas, sendo que alguns de seus veículos foram atingidos pelos ataques de Israel.
“Ninguém esperava essa escalada repentina. Nosso vilarejo havia sido poupado das bombas até agora,” disse à AFP o jornalista Nazir Rida, que mora no vilarejo de Babliyeh e saiu às pressas de Beirute para buscar a família. Preso em um engarrafamento em Sídon, ele explicou que havia deixado os filhos no vilarejo por ser considerado um local mais seguro do que os subúrbios do sul da capital Beirute, que é reduto do Hezbollah.
O Hezbollah controla uma vasta área libanesa de maioria xiita, incluindo setores de Beirute, do sul do Líbano e da região oriental do Vale do Bekaa, de acordo com um dos principais centros de estudos de política internacional norte-americanos, o Council on Foreign Relations.
Entenda a escalada
Um dia após o início da guerra entre o Hamas e Israel, na Faixa de Gaza, em outubro do ano passado, o Hezbollah abriu uma frente na fronteira com Israel, realizando ataques com mísseis e projéteis de artilharia. As ações do Hezbollah foram uma manifestação de “solidariedade” às do Hamas. Os grupos são aliados e integram o Eixo da Resistência, que conta com também com a Síria, rebeldes houthis do Iêmen e milícias xiitas do Iraque – todos financiados pelo Irã. Desde outubro, o Hezbollah hostiliza diariamente a fronteira de Israel e diz que só vai parar quando um cessar-fogo em Gaza for estabelecido.
Após as explosões quase simultâneas dos pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah, na semana passada, a crise se intensificou, com o grupo disparando centenas de foguetes de diferentes pontos do sul do Líbano contra o norte de Israel. Os ataques forçaram o Estado judeu a fechar parte do seu espaço aéreo no fim de semana, além de emitir restrições de segurança à população. No domingo, a cidade de Haifa, foi atingida por cerca de 150 foguetes, mísseis de cruzeiro e drones.
Em retaliação, Israel empreendeu novos ataques ao grupo na manhã desta segunda-feira. O Hezbollah contra-atacou, fazendo o exército israelense acionar sirenes de alerta. Na ocasião, 165 projéteis foram lançados, a maioria foi abatida ou caiu em áreas abertas, segundo militares israelenses, conforme registrou O Globo, acrescentando que cinco pessoas tiveram ferimentos leves.

Patricia Lima