O Conselho do Grupo HELFRIG AGROVIVA GLOBAL FOODS tem se dedicado intensivamente à revitalização das instalações do Frigorífico Santanense, localizado no bairro São Paulo, em Sant’Ana do Livramento, no Rio de Grande Sul
A unidade é considerada um empreendimento histórico na região. De lá, já saiu uma das melhores carnes do Brasil.
A expectativa pela retomada das atividades tomou conta da cidade, que também é considerada Capital Nacional da Ovelha. Em entrevista ao jornalista Matias Moura (A Plateia), o representante do Grupo e CEO Rodrigo Rocha posicionou o público sobre assuntos, como o andamento das obras, previsão de volta às atividades, projetos paralelos ao frigorífico e investimentos.
A entrevista também contou com a participação de Jorge Furtado, sócio fundador, diretor comercial e de produção do AGROVIVA, além líder do braço gaúcho da empresa. Residente na cidade de Bagé, Jorge Furtado, no momento, coordena as obras da unidade. Na entrevista, o diretor comercial falou sobre o andamento das intervenções e sobre a logística para o escoamento da produção, que terá como uma das vias o Porto de Montevidéu.
A compra do Santanense, instalado no São Paulo, bairro especialmente planejado para concentrar este tipo de estabelecimento, foi anunciada em setembro deste ano. Desde então a HELFRIG AGROVIVA GLOBAL FOODS, tem focado toda a sua atenção na finalização dos últimos trâmites burocráticos e na execução das obras, que já estão em andamento. O prédio da administração, por exemplo, está em condições de uso, mas passará por uma criteriosa revitalização.
Segundo Rocha, a reativação do frigorífico é uma “empreitada muito difícil” e que demanda muito apoio; algo que o Grupo tem recebido da comunidade local, desde moradores até profissionais liberais. A revitalização do espaço está a cargo de pessoas da região. Apesar das dificuldades para a contratação de mão de obra, o Santanense já conta com profissionais de áreas técnicas, como engenheiros e arquitetos trabalhando em suas dependências.
Sobre a captação de recursos para viabilizar o negócio, o executivo destacou que, apesar dos percalços, tem conseguido ultrapassar gargalos importantes com projetos bem definidos e com muito foco, lançando mão das qualificações de Sant’Ana do Livramento, que “tem o segundo maior rebanho do Rio Grande do Sul, nascido e criado no Pampa. Um plantel extraordinário de raças europeias, que produzem a melhor carne do mundo”.
O empresário carioca destacou que a retomada das atividades para a produção das carnes gourmets terá como base uma “operação integrada”, voltada para “ter um excelente relacionamento com o produtor rural, e garantir a produção de uma carne de qualidade, além das devidas resultabilidades”. O empreendimento contará ainda com o trabalho desenvolvido por um dos conselheiros do AGROVIVA, Alex Fonseca, especialista em manejo genético de bovinos e responsável pela premiada Estância Guarita. A execução de todo o projeto, segundo Rocha, está completamente alinhada às práticas ambientais correntes, respeitando, inclusive, o bem-estar animal.
O representante do AGROVIVA pontuou que, no momento, o grupo está focado na execução do que considera essencial para o início dos trabalhos e requalificação da planta:
“A nossa primeira fase de estruturação começa com a revitalização do prédio da administração, que está em condições de uso. Há ainda a casa da diretoria, que é linda. Nós vamos tentar manter a arquitetura original, respeitando as determinações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), com o mínimo de intervenções e inovações, para não ferir as características históricas e patrimoniais do imóvel”, disse o empresário.
Como projeto paralelo à reabertura do Santanense, Rodrigo Rocha adiantou que o grupo carioca-gaúcho pretende abrir uma escola de açougueiros, empreendimento que criará uma cadeia turística lucrativa e qualificadora para os moradores do município.
“No prédio da antiga charcaria, produto em declínio no mercado, nós vamos montar a maior escola de açougueiros do mundo. Esse é o nosso grande sonho: preparar pessoas da região para cortar carne e difundir a qualidade da proteína gaúcha para o mundo todo. A escola de açougueiros servirá ainda como um modelo para uma franquia master de açougues, que serão administrados por parceiros. Nós não vamos administrar negócios correlatos à operação. O nosso core business é o abate do boi”, disse ele.
O Santanense ocupa um espaço de 64 hectares, dos quais 19 são de área construída. Parte dessa estrutura será demolida por falta utilidade e necessidade de modernização. Rodrigo Rocha enfatizou que a qualidade das instalações atuais permite o reaproveitamento do que é essencial para a viabilização do negócio. No local que ficará vago, o grupo empresarial pretende instalar outros negócios correlatos.
“Na área industrial da planta, vamos montar pavilhões em parcerias com bons industriais. No local, poderá ser produzida uma boa ração para pet, produtos cosméticos, cortume, além de outras atividades. Assim, nós teremos um polo agroindustrial, que impactará o município e o Rio Grande do Sul, com a abertura de hotéis para receber pessoas do mundo todo para estudar, conhecer a unidade e trabalhar na escola de açougueiros”, comentou Rocha.
O diretor comercial e de produção do AGROVIVA, Jorge Furtado, por sua vez, afirmou que a prioridade, no momento, é ter um escritório para receber os trabalhadores; funcionários técnicos, como engenheiros e arquitetos; o pessoal ligado aos projetos mecânicos, além de possíveis investidores e visitantes, especialmente da própria cidade, que está ansiosa para a retomada das atividades da planta, cujas obras estão sob os cuidados LAE Projetos Industriais e Assessoria.
“O próximo passo é a engenharia à cargo da LAE Projetos Industriais e Assessoria, que tem um histórico de 37 frigoríficos construídos na América Latina e 47 reformas. As previsões do projeto são de que, depois de 18 a 24 meses, no máximo, os abates serão iniciados. Período longo, mas necessário para que as adaptações internas, inclusive com maquinário, sejam feitas dentro das exigências de um frigorífico. A unidade será, talvez, a única na América Latina a ter a estrutura recuperada. O espaço é de um valor histórico inestimável para o segmento, por ter sido um empreendimento de renome internacional. Além disso, estamos localizados na maior região criadora de raças de origem europeias do Rio Grande do Sul: o Pampa Gaúcho, que produz a melhor carne do mundo, por seu sabor, textura, marmorização e potencial nutritivo”, observou Furtado.
No que diz respeito ao escoamento da produção, Jorge Furtado afirmou que o Grupo AGROVIVA estabeleceu canais de negociação com o governo do Uruguai, em especial com o Porto de Montevidéu, para a retomada da malha férrea que liga Rivera ao terminal.
“Hoje, você tem duas empresas concessionárias no Uruguai: uma leva passageiros de Rivera a Paso de Los Toros, e não transporta carga. A outra faz o percurso de Paso de Los Toros a Montevidéu, mas não transporta passageiros. O que nós propomos ao Ministério de Transportes e de Obras Públicas do país, foi justamente a união das duas operações”, esclareceu.
Tais exigências de infraestrutura foram justificadas pelo representante do Conselho do grupo empresarial com base nas demandas de mercado existentes e não atendidas. O Grupo HELFRIG AGROVIVA GLOBAL FOOD reúne a parte técnica e a financeira para atender às necessidades da comunidade e, ao mesmo tempo, elaborar a plataforma de negócios e estabelecer as relações comerciais para concretizá-los.
“Nós temos mercado e temos expertise técnica e de captação de recursos para atendê-lo. Nós estamos estabelecendo parcerias no mundo todo, sobretudo na Europa. Em Portugal, que é um local incrível, nós temos pessoas muito entusiasmadas com o projeto e que querem fazer aportes imediatos já no início das obras, antes de virem outros investimentos. Nós estamos falando, grosso modo, entre instalações, obras e construção civil, em um investimento de R$ 12 milhões. E, na parte de metalmecânica, mais R$ 20 milhões em investimentos. Conseguiremos, tais recursos facilmente. Só a escola de açougueiro será uma ferramenta de marketing fantástica, pois incentivará pessoas do mundo todo a terem interesse em franquias da HELFRIG AGROVIVA GLOBAL FOOD, por conta da qualidade da carne que sai de um açougue de primeira linha. A inspiração para o empreendimento vem do Alentejo, em Portugal, onde há um ecossistema visitado por pessoas do mundo inteiro. Nós não estamos falando somente da carne exportada e dos pontos de venda, estamos falando também de clientes vindo para Sanat’Ana do Livramento, fazendo turismo para entender a região do Rio Grande do Sul. O empreendimento é uma oportunidade para mostrar o valor do povo gaúcho e tantas belezas que o Estado tem. De Santana do Livramento até Canela, passando por Gramado, tantos lugares maravilhosos. Então, temos que trazer pessoas para a região, pois a grande indústria de riqueza do mundo é o turismo. Nós entendemos isso. A visitação às instalações, no futuro, pode ser uma alavanca para gerar um sentimento de pertencimento. As pessoas vão dizer que viram o frigorífico em escombros e, agora, ele é moderno. Elas dirão: ‘Eu estou comendo uma carne que é do frigorífico da minha cidade. Eu estou em Londres’. Então, esse pertencimento globalizado é um dos grandes desafios que desejamos ultrapassar”, finalizou Rodrigo Rocha.