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quinta-feira, 13 fev, 2025

economia

Estrangeiros continuam a retirar investimentos do Brasil; só no ano passado, valor bateu R$ 32 bilhões

Os riscos crescentes fiscais e o aumento das taxas de juros têm sido os principais motivos para que os investidores estrangeiros continuem a retirar dinheiro do mercado de ações brasileiro.

Somente nas três primeiras sessões do ano, os estrangeiros retiraram cerca de R$ 3 bilhões da bolsa, de acordo com dados da B3. Somente no ano passado, já haviam sido retirados R$ 32,1 bilhões, o maior valor desde a pandemia de 2020.

Os ativos locais ficaram atrás de todos os principais pares em 2024, com o real em queda de 21% em relação ao dólar e o Ibovespa caindo mais de 10% — uma derrocada que eliminou mais de R$ 1,77 trilhão em valor de mercado do índice.

As preocupações em torno do crescente déficit orçamentário do país, que se acelerou em novembro quando um pacote fiscal muito aguardado pelo mercado decepcionou os investidores, também afetaram as expectativas de inflação. Isso forçou o Banco Central a subir as taxas de juros.

O cenário não muda muito. Os analistas veem a Selic subindo para 15% ao ano até o final de 2025, diminuindo ainda mais o apelo das ações. Com isso, as incertezas fiscais podem prejudicar o retorno para ações neste ano, e o mercado já está se preparando para isso.

Até mesmo alguns bancos como Morgan Stanley, JPMorgan e HSBC recentemente rebaixaram as ações brasileiras diante dos maiores riscos fiscais.
Em uma nota divulgada na semana passada, o HSBC citou o ambiente “tóxico” do Brasil com altas taxas de juros, moeda fraca e crescimento mais lento, nomeando o país como uma armadilha de valor “clássica”.

Enquanto isso, o Morgan Stanley citou preocupações sobre o compromisso do governo em controlar os gastos públicos, tornando a perspectiva para o mercado de ações incerta.

A piora das perspectivas do Brasil também ocorre em um momento desafiador para os mercados emergentes. Dúvidas sobre os cortes de taxas de juros do Fed, as políticas do governo do Donald Trump, e as preocupações sobre a economia da China estão pesando sobre a classe de ativos.