O recuo 0,6% na produção industrial nacional em abril ante março foi acompanhado em dez dos 15 locais investigados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional. Os resultados, divulgados hoje nesta terça-feira (13) pelo IBGE, mostram que as maiores quedas na indústria foram no Amazonas (-14,2%) e em Pernambuco (-5,5%). Por outro lado, o Rio Grande do Sul (2,2%) teve o avanço mais elevado. Na comparação entre abril de 2023 e abril de 2022, a indústria nacional, que recuou 2,7%, foi acompanhada por 12 dos 18 locais pesquisados.
“Esse espalhamento regional da retração da indústria é reflexo de uma atmosfera ainda de incertezas no setor”, explica Bernardo Almeida, analista da PIM Regional. “A conjuntura que o país atravessa, uma inflação ainda elevada, um desemprego ainda em um patamar considerado alto, com contratações ainda aquém do necessário impacta diretamente o poder de compra das famílias, e por consequência, a cadeia produtiva da indústria” complementa.
Local com maior queda, o Amazonas também teve, por fim, a maior influência no resultado nacional. A queda em abril interrompe quatro meses consecutivos de crescimento na produção, quando acumulou ganhos de 22,3%. “Essa retração é explicada pelo desempenho aquém do setor de equipamentos informática e de eletrônicos, bastante influentes no estado” elenca Almeida. Outras atividades também impactaram o resultado da indústria amazonense, como de bebidas e de outros equipamentos de transportes.
Pernambuco
Embora tenha apresentado a segunda maior queda do mês, Pernambuco foi apenas o quinto estado em influência. O resultado negativo de abril, só para ilustrar, vem após três meses de taxa positiva, que resultaram em um ganho acumulado de 33,5%. “Houve pressão dos setores de veículos e o de alimentos”, diz o analista. A indústria de Minas Gerais recuou 3% no mês, e foi a segunda em influência negativa. A queda na passagem de março para abril elimina parte dos ganhos do mês anterior. O setor de produtos químicos e o de veículos afetou a produção mineira.
Ceará (-3,7%), Região Nordeste (-2,4%), Paraná (-2,2%), Rio de Janeiro (-1,8%), Goiás (-1,5%) e Espírito Santo (-1,2%) foram outros locais que apresentaram quedas mais intensas do que a média nacional. Principal parque industrial do país, São Paulo teve retração de 0,2% puxada pelas atividades de veículos, de máquinas e equipamentos e de produtos químicos. Com esse resultado, a indústria paulista se mantém 24,9% abaixo do patamar mais alto da série (março de 2011) e 3,2% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020).
Pelo lado das altas, o Rio Grande do Sul teve principal crescimento, sendo a única influência nacional positiva. Desse modo, o estado gaúcho marcou a segunda taxa positiva consecutiva, acumulando alta de 8,1% em março e abril. A indústria do estado teve influência dos setores de derivados de petróleo e, secundariamente, de produtos do fumo. Com isso, a produção industrial gaúcha está 1,9% abaixo do patamar pré-pandemia e 14,8% abaixo do patamar mais alto da série (outubro de 2013). Santa Catarina (1,1%), Bahia (1,1%), Pará (0,3%) e Mato Grosso (0,1%) apresentaram as demais altas de abril.
Indústria recua em 12 de 18 locais na comparação interanual
A indústria, inegavelmente, recuou 2,7% frente a março do ano passado e, regionalmente, 12 dos 18 locais pesquisados acompanharam a taxa negativa. “Vale citar que abril de 2023 teve um dia útil a menos, 18 dias, do que abril de 2022, que teve 19 dias”, ressalta Almeida.
Maranhão teve o recuo mais intenso, com 16,4%. influenciado, principalmente, pelo comportamento negativo observado nos setores de metalurgia (óxido de alumínio), indústrias extrativas (minérios de ferro pelotizados ou sinterizados e gás natural) e bebidas (cervejas, chope e refrigerantes).
Ceará (-7,8%), Rio Grande do Sul (-7,2%), Pernambuco (-6,7%), Santa Catarina (-5,9%), Mato Grosso do Sul (-5,4%), Região Nordeste (-4,8%), Rio de Janeiro (-4,2%) e São Paulo (-3,6%) também apresentaram quedas mais intensas do que a média nacional. Espírito Santo (-1,4%), Goiás (-1,3%) e Paraná (-0,9%) completaram a lista de locais com recuo na produção na comparação interanual.
Nas altas, analogamente, Rio Grande do Norte (14,5%) teve a maior expansão, impulsionado pelas atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (óleos combustíveis) e indústrias extrativas (sal marinho). O Mato Grosso (11%) também apresentou crescimento na produção na casa dos dois dígitos, graças ao desempenho dos setores de produtos alimentícios (carnes de bovinos frescas ou refrigeradas) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (álcool etílico). Pará (5,1%), Minas Gerais (2,2%), Bahia (0,8%) e Amazonas (0,6%) foram os demais resultados positivos em abril neste índice.
“O resultado do indicador interanual é uma demonstração nítida da perda de ritmo da indústria nacional”, afirma Almeida. “Pelo lado da oferta, desabastecimento de insumos e encarecimento das matérias-primas, observados desde o isolamento causada pela pandemia da Covid-19, também são fatores para uma certa cautela na tomada de decisão da produção industrial”, conclui.
Mais sobre a pesquisa
A PIM Regional produz, desde a década de 1970, indicadores de curto prazo relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativas e de transformação. Ademais, traz, mensalmente, índices para 17 unidades da federação cuja participação é de, no mínimo, 0,5% no total do valor da transformação industrial nacional e, também para o Nordeste como um todo: Amazonas, Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Região Nordeste. Os resultados da pesquisa também estão disponíveis no Sidra, o banco de dados do IBGE. A próxima divulgação desta pesquisa será 13 de julho.