Especialistas esperavam avanço de 0,9% em relação ao primeiro trimestre
Segundo informações do IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB, o valor de tudo o que é produzido na economia) do Brasil cresceu 1,4% nos três primeiros meses do ano. Esta é a maior alta desde a reabertura econômica após a pandemia sendo que, no quarto trimestre de 2020, o avanço havia sido de 3,7%. No entanto, analistas esperavam um avanço de 0,9% ante o primeiro trimestre, segundo pesquisa do jornal Valor Econômico que capturou as estimativas de 80 instituições financeiras e consultorias de mercado.
E, mesmo com os efeitos negativos da paralisação das atividades no Rio Grande do Sul por conta das enchentes que atingiram o estado entre abril e maio, o setor de serviços e da indústria apresentaram crescimento. E mais: a continuidade do ritmo de crescimento em todo o primeiro semestre confirma as revisões para cima nas expectativas em relação ao desempenho da economia neste ano.
Conforme a edição mais recente do Boletim Focus, compilado de estimativas feito pelo Banco Central (BC), os analistas do mercado financeiro já vinham projetando um crescimento anual em torno de 2,5% para 2024. Essas projeções vêm sendo revistas para cima desde janeiro. Na primeira edição deste ano, quando nem mesmo o desempenho fechado de 2023 era conhecido, o Focus apontava crescimento anual de apenas 1,6% para 2024.
Economistas apontam que a força de consumo das famílias surpreendeu positivamente, sendo uma combinação entre o aquecimento do mercado de trabalho, a geração de empregos e o aumento de salários, o que eles chamam de “impulso fiscal”, ou seja, o aumento de gastos do governo, injetando mais renda diretamente no orçamento das famílias. Este é o caso do aumento de benefícios vinculados ao salário mínimo, como as aposentadorias do INSS, e dos programas de transferência de renda. Para os especialistas, os efeitos dessas medidas parecem estar durando mais do que o imaginado.
Já o crédito seguiu em alta no segundo trimestre. Os juros ainda estavam em nível abaixo do verificado um ano antes — o Banco Central (BC) suspendeu o ciclo de queda na taxa básica Selic (hoje em 10,5% ao ano) em junho, mas, para os tomares finais de empréstimos, o fim do alívio ainda não chegou totalmente.
Por isso, apesar das surpresas positivas com o crescimento econômico desde o início da retomada após a crise causada pela Covid-19, muitos economistas esperam uma desaceleração para o segundo semestre. Isso se deve ao fato de que, em 2023, o gasto público cresceu bastante em relação a 2022. Além disso, a partir da segunda metade do ano a interrupção do ciclo de queda da Selic deverá começar a surtir efeito, arrefecendo a demanda tanto das famílias pelo consumo quanto das empresas por investimentos. Ou seja, o crescimento da economia deve ser mais moderado adiante, com crescimento trimestral médio de 0,2% na margem no segundo semestre, dados os impulsos fiscal e monetário menores.