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domingo, 3 nov, 2024

MUNDO

Governo da Venezuela convoca embaixador no Brasil após de declarações de Celso Amorim

Antes próximos, Lula e Maduro têm uma relação esgarçada após o governo brasileiro cobrar informações sobre e reeleição do presidente venezuelano

Em retaliação às declarações de Celso Amorim, assessor especial da Presidência sobre o cenário político venezuelano, o governo de Nicolás Maduro decidiu convocar o seu embaixador no Brasil, Manuel Vadell, para prestar esclarecimentos. A ação da Venezuela seria uma revanche diante da postura do presidente Lula de negar entrada do País no Brics, bloco que reúne países do chamado sul global.

Nesta quarta-feira (30), o Ministério do Poder Popular para Relações Exteriores da Venezuela divulgou uma nota manifestando a sua rejeição “às recorrentes declarações intervencionistas de grandes vozes autorizadas pelo governo brasileiro”.

“Em particular às oferecidas pelo assessor especial Celso Amorim, que se comporta mais como um mensageiro do imperialismo norte-americano, se dedicou de maneira impertinente a emitir julgamentos de valor sobre processos que só competem aos venezuelanos, às venezuelanas e suas instituições democráticas, o que constitui uma adesão constante, que mina as relações políticas e diplomáticas entre os Estados, ameaçando os laços que nos unem em ambos os países”, diz o governo venezuelano no texto.

Na última terça-feira (29), durante uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Celso Amorim reconheceu haver um mal-estar entre o governo da Venezuela diante do veto brasileiro. Amorim assegurou, no entanto, que existe um canal de interlocução aberto entre ambos.

“O mal-estar existe, mas se quisermos alguma influência num processo de democratização, precisaremos de interlocução”, disse o assessor de Lula, acrescentando que torce pela recomposição das relações entre os dois países, mas que isso dependerá da Venezuela. Amorim também ressaltou que o governo brasileiro não vai “interferir no detalhe”, agindo com “o máximo de discrição”.

Veto à Venezuela

Sob orientação de Lula, o Brasil articulou o veto que barrou a entrada da Venezuela no Brics, durante a 16ª cúpula do bloco, realizada entre 22 e 24 de outubro, em Kazan, na Rússia. Para integrar o bloco, o país candidato deve ser aprovado por consenso. O Brasil deixou o país de Maduro de fora da lista de nações em análise.

“Da mesma forma, expressou-se o total repúdio à atitude antilatino-americana, contra os princípios fundamentais da integração regional, expressos na Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), bem como na longa história de unidade em nossa região, consumado no veto aplicado pelo Brasil na cúpula do Brics em Kazan, com o qual a Venezuela foi excluída da lista de convidados a membros associados da referida organização”, afirma o governo de Maduro no documento, reproduzido pelo Poder 360.

O presidente venezuelano foi recebido pelo presidente russo, Vladimir Putin, após ter viajado para a Rússia de surpresa, sendo que Lula não pode comparecer à reunião da cúpula, por ter sido sofrido um acidente que lhe rendeu alguns pontos na cabeça. O desencontro entre ambos evitou um constrangimento diplomático, uma vez que os dois governantes não se falam desde as eleições claramente fraudadas para presidente da Venezuela.

Mesmo tendo sido declarado eleito pela justiça eleitoral, Nicolás Maduro nunca apresentou os boletins de urna ou dados desagregados comprobatórios da sua vitória. A relação entre Lula e Maduro se esgarçou, após o governo brasileiro cobrar insistentemente pela apresentação das informações, sem sucesso.
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