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terça-feira, 15 out, 2024

Brasil

Depois de US$ 14 bilhões em prejuízos, Petrobras inaugura o que restou do Comperj

Vista aérea do Complexo do Comperj - Flickr
Vista aérea do Complexo do Comperj - Flickr

 

Empreendimento petroquímico foi reduzido a uma unidade de processamento de gás natural. A entrega acontece 16 anos após o início das obras, em 2008

A Petrobras concluiu o que sobrou do Complexo do Comperj dezesseis anos após o início das obras e US$ 14 bilhões em prejuízos. Rebatizado de Polo GasLub Itaboraí, o projeto é uma versão simplificada do complexo petroquímico original, voltado apenas para o processamento do gás natural. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) já autorizou a Petrobras a receber o combustível produzido em campos do pré-sal na unidade. O presidente Lula deve participar da inauguração do GasLub durante uma cerimônia oficial que será realizada nesta sexta-feira (13).
A petroleira, sob a chefia de Magda Chambriard, já elaborou o primeiro plano de negócios, que incluiu novas refinarias, segundo O Globo. O projeto, assim como Comperj, deve receber outro nome. Apesar da redução das atividades, as operações da UPGN (unidade que processa o gás) e da Rota 3 (um dos trechos da rede de gasodutos submarinos que escoa a produção em alto-mar) devem ampliar a oferta de gás natural no mercado interno. A previsão é de que, diariamente, sejam processados 21 milhões de metros cúbicos de gás natural.
A diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Baruzzi, teria firmado durante uma entrevista à Agência Estado, na última segunda-feira (9), que o volume de produção é superior ao importado pela companhia, o que deve aumentar a oferta de gás natural no Brasil. Apesar do início das operações da UPGN, as operações comerciais devem ter apenas no início em outubro.
De polo petroquímico a destaque da Lava-Jato
Iniciadas em 2008, as obras do projeto bilionário do Comperj previam a atração de fábricas de plástico para Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, mas foram paralisadas em 2015, por conta das denúncias de corrupção no âmbito da Operação Lava-Jato, a partir de março de 2014. O prejuízo acumulado pela estatal desde 2008 foi de aproximadamente US$ 14 bilhões, entre pagamento de propinas, superfaturamento de obras e mudanças no projeto.
Foi no governo Michel Temer (MDB), entre 2017 e 2018, que a Petrobras decidiu abandonar definitivamente os planos de construir refinarias para produzir insumos petroquímicos, encolhendo o projeto original. Ainda assim, a conclusão das obras da UPGN e da Rota 3 também enfrentou percalços, como a crise econômica causada gerada pela pandemia e uma nova paralisação, em 2022, com direito a conflitos com as construtoras contratadas.
Ampliação à vista
A presença de Lula na inauguração da unidade deve reforçar os planos do governo de ampliar o Polo GasLub. Sob o novo mandato petista, a petroleira elaborou o Plano Estratégico 2024-2028, orçado em US$ 102 bilhões e lançado em novembro de 2023. Pelo plano estão previstas as construções de refinarias de diesel, de diesel renovável e de bioquerosene de aviação no empreendimento. A demora na execução do planejamento teria sido a motivação para demitir o presidente anterior da Petrobras, Jean-Paul Prates, que foi substituído, em maio, por Magda Chambriard, que assumiu a missão de acelerar obras, como as de ampliação do GasLub.
Assim que assumiu, Magda lançou a licitação para contratar a construção das novas refinarias. A Petrobras pretende ainda construir no GasLub um “parque termelétrico”, integrado por duas usinas de geração de eletricidade a gás natural, que somadas terão a capacidade de geração de 1,867 gigawatts (GW).

Patricia Lima