Degradação e mal funcionamento das máquinas de compra e recarga de bilhetes tem gerado sérios transtornos aos passageiros do modal
Quem precisa usar o sistema VLT, no Centro do Rio, muitas vezes passa por sufoco, na hora de comprar ou carregar o cartão para acessar o modal. Na estação da Carioca, o equipamento está em péssimo estado de conservação, como muitas das máquinas que alimentam o sistema.
Não é incomum ver usuários reclamando que não conseguem recarregar os cartões de embarque porque máquina não funciona ou não finaliza a transação. Mas não só é o sistema de bilhetagem que apresenta problemas. Os abrigos também estão em péssimas condições, oferecendo, inclusive, risco à população. Há paradas em que os bancos estão sucateados, o ambiente sujo, e sem iluminação, como na estação da Carioca.
À noite, tal realidade é um convite inevitável a assaltos praticados por supostos entregadores de comida e moradores de rua, encontrados sem grande dificuldade pelas ruas do Centro e nas imediações das estações. Mulheres, idosos e turistas são as vítimas preferências desses ladrões, que agem de forma imprevisível, às vezes, com muita violência. O que faz do uso dos terminais de compra dos bilhetes um momento de grande apreensão para os passageiros do VLT.
Um usuário regular do sistema, que entrou em contato com a Tribuna da Imprensa, classificou o VLT como “sujo e totalmente ineficiente”. Para ele, o sistema se tornou um grande caça-níquel para a Prefeitura do Rio de Janeiro, que oferece um serviço de baixa qualidade para usuários e turistas.
“Uso o VLT todos dos dias. Quando estou sem crédito tenho que entrar naquele pardieiro para fazer a recarga, o que é um momento problemático.
Às vezes, a máquina não aceita a transação. Já tive que comprar um bilhete por duas ou três vezes. Um cartão que custa R$ 4,20. Com isso, a Prefeitura do Rio vai embolsando esse dinheiro. É um verdadeiro inferno. Muitas vezes, a máquina não funciona, e você tem que entrar em um fila quilométrica, correndo o risco de ser assaltado na estação. É lindo! (Ironiza). A Prefeitura do Rio só está ganhando R$ 4,20, por cartão. É ridículo. É vergonhoso”, afirmou o usuário.
O passageiro do VLT acrescentou ainda que já presenciou o constrangimento de usuários, de origem modesta, que depositaram o dinheiro na máquina no ato da compra, mas não tiveram acesso ao cartão, que não foi emitido pelo equipamento. Sem dinheiro e sem cartão, muitas dessas pessoas tiveram que seguir o seu destino a pé.
Os turistas que chagam ao Rio também não estão blindados de constrangimento semelhante. Modelo de operação comum no Metro, o uso de cartão de crédito ou débito na catraca ainda não é uma realidade no VLT, gerando mais um gargalo para quem está sem credito, e para visitantes de fora da cidade que veem no modal um meio de conhecer os pontos turísticos da capital fluminense.
“Agora, você imagina a realidade de um visitante da cidade que salta no Aeroporto Santos Dumont e quer conhecer o Rio de Janeiro usando o VLT. O turista pega o cartão de crédito/débito coloca na catraca, que não aceita a transação, porque o sistema é programado para receber apenas o cartão exclusivo para o VLT, que é um caça-níquel. O sistema é totalmente ineficiente, desrespeitoso com a população da cidade e ‘antiturístico’, finalizou o usuário.
VLT Inspirado nos bondes que deixaram de circular nas ruas do Rio de Janeiro na década de 1960, o VLT carioca teve a sua primeira linha inaugurado em 5 de junho de 2016, durante a segunda administração do prefeito Eduardo Paes. A construção se deu na esteira da requalificação do Centro do Rio, até então em franca decadência, e para atender às demandas do Jogos Olímpicos realizados na cidade naquele ano.
O modal foi construído pelo consórcio integrado pela Odebrecht TransPort (atual Novonor), CCR, RioPar, Invepar, Benito Roggio Transporte e RATP, que venceu a licitação da Prefeitura, em 2013. As obras do modal tiveram início em 2014, com um orçamento avaliado em R$ 1,157 bilhões, dos quais R$ 525 milhões foram vieram do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade, do Governo Federal, e R$ 632 milhões de uma parceria público-privada (PPP).
Patricia Lima