Postulantes a vereadores e prefeitos tiveram que renunciar a candidaturas em nome de siglas aliadas
Os planos do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) para 2026 cobrou um alto preço dos correligionários que pretendiam entrar em disputas municipais de grandes colégios eleitorais, como Rio de Janeiro e São Paulo. A eles, Lula pediu que renunciassem às suas intenções em favor de candidatos de partidos aliados. A estratégia não é gratuita. O retorno é o apoio ao atual presidente em 2026.
A decisão lulista esbarra nos sérios problemas de popularidade enfrentados pelo presidente da República. Em uma sondagem recente, segundo a Veja, o Datafolha verificou que Luís Inácio contaria com apenas 35% de avaliação ótimo ou bom. Se a aprovação não é alta, a reprovação é considerável: 33%.
Na cidade de São Paulo, onde apoia Guilherme Boulos (PSB) na disputa pela chefia da prefeitura contra Ricardo Nunes (MDB), 66% dos entrevistados pela Genial/Quaest, ainda segundo a revista, disserem que não votariam em um candidato desconhecido apoiado por Lula. O índice é extremamente elevado, se levado em conta que o petista bateu Jair Bolsonaro na capital paulistana, em 2022.
O atual cenário está bem distante do encontrado em 2008, quando Lula estava à frente do seu segundo mandato e desfrutava de 64% de avaliação ótimo ou bom e apenas 8% de ruim ou péssima, antes da eleição municipal daquele ano. Tamanho prestígio era um ativo valioso, que levava p presidente a ser cortejado até mesmo pela oposição. Preocupados com possíveis desequilíbrios, candidatos das legendas da base pediam a Lula que não tomasse partido nas disputas entre governistas para não favorecer o PT. A subida nos palanques será era “permitida” em caso de confronto entre um aliado e um opositor.
Na ocasião, a influência de Lula foi importante na votação. Em 2008, o PT elegeu quase 550 prefeitos – 30% a mais do que na eleição de 2004. Siglas oposicionistas da época, como PSDB e DEM (incorporado ao atual União Brasil), saíram derrotados no primeiro turno.
À frente do seu terceiro mandato, a realidade de Lula é outra. Em relação a setembro 2008, presidente conta hoje com 30 pontos a menos de aprovação, e 25 pontos a mais de reprovação. O desgaste do seu capital político tornou-se evidente em 2020, como efeito repercussivos da Operação Lava-Jato, da recessão econômica gerada no governo de Dilma Rousseff (PT) e da ascensão de Jair Bolsonaro (PL) e seu grupo político. Nas eleições municipais daquele ano, o PT elegeu somente 182 prefeitos, nenhum deles em capitais.
A previsão para 2024 não é ousada, mas esperasse um avanço um pouco mais expressivo.
Crédito: Patricia Lima