Trabalhadores que ganham um salário-mínimo têm 73% da renda comprometida. Na região Sudeste, almoçar fora de casa pode consumir 77% do salário
Uma pesquisa realizada em mais de 4,5 mil restaurantes em todo o território nacional, mostrou que o preço médio da refeição aumentou, nos últimos cinco anos, mais que salário-mínimo. O levantamento é do + Valor, feito pela Ticket, empresa da Edenred Brasil de Benefícios e Engajamento.
Em 2019, uma refeição com prato principal, bebida, sobremesa e cafezinho saia por R$ 34,62. Em 2014, a refeição completa custa média, R$ 51,61, contabilizando um aumento de 49%, segundo o levantamento. O percentual foi superior ao do salário-mínimo, que anos atrás estava R$ 998 cinco, e atualmente é de R$ 1.412, registrando um avanço de 41%.
De acordo com a pesquisa, os trabalhadores que ganham cinco salários-mínimos têm quase 15% da renda comprometida com almoços fora de casa; os que recebem três salários-mínimos comprometem média 24% de comprometimento do seu rendimento mensal. E aqueles que ganham apenas um salário-mínimo tem 73% da renda comprometida.
A diretora de Produtos da Ticket, Natália Ghiotto, destaca que a inflação sobre as refeições fora de casa corrói a renda do trabalhador, especialmente dos que ganham menos. Por isso, o benefício de refeição oferecido pelas empresas faz diferença para o trabalhador passar o mês.
“O preço da alimentação fora de casa não acompanha o salário, evidenciando o esforço que os trabalhadores precisam fazer para garantir as refeições nos dias trabalhados. Esse cenário também reforça a importância do benefício de refeição oferecido pelas empresas como garantia de acesso a uma refeição completa e de qualidade, que é fundamental para a produtividade e o bem-estar das pessoas”, afirmou Natália Ghiotto, segundo jornal O DIA.
O gasto para o trabalhador que não recebe vale-refeição é, no cenário brasileiro, exorbitante. Para almoçar na rua, de segunda à sexta-feira, o trabalhador precisaria gastar R$ 1.032,23 mensalmente, considerando que o mês conta, em média, com quatro semanas.
“Isso corresponde a 73% do salário-mínimo. Se somarmos o preço médio da cesta básica, que segundo o Dieese é de R$ 709,28, essa conta sobe para R$ 1.741,51, ou seja, 123% do valor do salário”, revela Natália. “Com a pesquisa + Valor, nosso objetivo é apresentar às empresas um panorama do setor de alimentação, auxiliando em suas estratégias quanto ao valor do benefício concedido às pessoas colaboradoras”, explicou a diretora da Ticket.
Os custos são ainda mais salgados na região Sudeste, onde fazer cinco refeições no horário do almoço semanalmente, consume 77% do salário-mínimo. Segundo a sondagem, o Norte e o Centro-Oeste são as regiões mais baratas, com 64% de comprometimento do valor total do salário.