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terça-feira, 15 out, 2024

Tecnologia

Especialista em cibersegurança explica por que usuários ainda recebem notificações do X, proibido no Brasil pelo STF

Jonathan Arend, da Keeggo, explica que usuários recebem notificações pelo fato de serem serviços que operam em um canal segregado, que pode não estar bloqueado

O bloqueio da rede social X, o antigo Twitter, no Brasil, deixou muitos usuários órfãos. Com o fim da plataforma em território nacional, proibido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, no último dia 30 de agosto, pelo fato de a empresa não ter um representante legal no país, alegou ainda que a mesma favorecia discursos antidemocráticos. A situação se tornou polêmica e muitos perguntam: o que vai acontecer depois do banimento do X? E por que muitos usuários ainda recebem notificações da rede? Isso é o que vamos descobrir. 

Para Elon Musk, empresário e dono da rede social, o fim do X no Brasil é um passo para o fim da liberdade de expressão no país. De acordo com duas publicações feitas por ele no próprio X, o empresário sul-africano afirmou que o governo brasileiro tem medo de que o povo “descubra a verdade”. “O regime opressivo no Brasil tem tanto medo de que o povo descubra a verdade que levará à falência qualquer um que tente”, escreveu. Ele ainda disse que a rede social X é a maior fonte de veracidade no país. “Estão fechando a fonte número 1 da verdade no Brasil”, publicou. 

Por outro lado, o que se sabe até o momento é que a rede não está totalmente extinta. Isso porque algumas pessoas ainda recebem notificações do X. Segundo Jonathan Arand, especialista em cibersegurança da Keeggo, um dos motivos para isso é que os aplicativos de smartphones utilizam, por muitas vezes, configurações de notificação por push – enviadas diretamente do servidor ao usuário final, ainda que a aplicação esteja inativa. “Portanto, assim como em outros aplicativos, essas notificações no X não dependem diretamente do acesso ao app ou ao site. Já uma outra hipótese que pode ser levantada é de que existam interações em cache no smartphone – o que também contribui para o recebimento de notificações”, explica. 

 

Outro ponto levantado pelo especialista é o fato de que tais notificações conseguem “driblar” a restrição. “Mesmo com a plataforma bloqueada ou descontinuada, os servidores de notificação podem continuar funcionando e enviando alertas. Isso ocorre porque, em muitos casos, os serviços de notificação operam em um canal segregado, que pode não estar bloqueado”, observa ele, acrescentando que as notificações podem, ainda, puxar sugestões de conteúdo na rede com ela bloqueada. “Elas podem driblar a restrição por operarem em canais não bloqueados e usar dados previamente armazenados ou processados”, completa.

 

Para onde ir? Conheça as redes que podem substituir o X

 

Para solucionar o problema causado pelo fim do X no Brasil, redes sociais como o Threads e o Bluesky se tornaram os principais concorrentes dispostos a ocupar o espaço deixado pela rede social de Elon Musk. O Threads, lançado em 2023 pela Meta, de Mark Zuckerberg, aproveita a integração com o Instagram, já que para criar uma conta, é necessário ter um perfil na rede social de fotos. 

 

Já o Bluesky, criado em 2019 como um projeto interno do próprio X (então chamado Twitter), se tornou independente em 2021 e atraiu mais usuários após a polêmica decisão de Elon Musk, que comprou o X em 2022, de limitar o número de tuítes que usuários sem verificação poderiam ler por dia. Inicialmente, o acesso ao Bluesky era restrito a uma fila de espera e exigia o convite de um amigo. Essa restrição foi removida em fevereiro de 2024, facilitando a adesão de novos usuários.

 

No entanto, outra plataforma está no páreo: o Mastodon, que funciona como uma mistura entre o Twitter e os blogs do Tumblr, criada por uma organização alemã sem fins lucrativos e que, como o Bluesky, é de código aberto. Isso quer dizer que os usuários podem criar e manter as próprias comunidades abertas ou privadas. Ou seja, a rede social acaba sendo um conglomerado de servidores e os usuários são livres para migrar entre eles, estabelecendo novas conexões independente da sua comunidade. O mastodon.social e o mastodon.online acabam sendo as comunidades principais, como uma porta de entrada aos novos usuários que ainda não sabem quais dos outros 2.400 servidores eles vão ingressar.