Search

quarta-feira, 4 dez, 2024

Economia

Projeto de aquisição de frigorífico em Sant’ana do Livramento – RS está na reta final

Rodrigo Rocha é CEO HELFRIG AGROVIVA GLOBAL FOODS, que integra a Holding VideiraInvest, da qual é diretor-executivo / Reprodução: Rede Social
Rodrigo Rocha é CEO HELFRIG AGROVIVA GLOBAL FOODS, que integra a Holding VideiraInvest, da qual é diretor-executivo / Reprodução: Rede Social

APL AGROVIVA se organiza no tradicional frigorífico

O CEO do Grupo HELFRIG AGROVIVA, Rodrigo Rocha, que é CEO também da VideiraInvest, anuncia que a compra de frigorífico em Sant’Ana do Livramento está na reta final. Segundo ele, em até dois anos, o Santanense deve entregar ao mercado 3 mil toneladas/mês de carne bovina de alta qualidade.

Com as negociações em fase final, a compra do Frigorífico Santanense, localizado no bairro São Paulo, na cidade de Sant’Ana do Livramento, no Rio Grande do Sul, está restrita apenas a questões burocráticas. Por trás da transação está o grupo gaúcho-carioca HELFRIG AGROVIVA GLOBAL FOODS, que pretende transformar a planta em uma das maiores fornecedoras de carne gourmet para os mercados do Oriente Médio, Rússia e Europa. O mercado brasileiro, que carece de oferta de produtos de proteína animal especializados, também será contemplado pela empresa.

Para tratar do assunto, em entrevista exclusiva à rádio RCC FM 95,3, do Grupo A Plateia, Rodrigo Rocha, CEO do HELFRIG AGROVIVA , falou sobre a concretização da compra, implantação do projeto, geração de emprego e renda, exportações, e integração regional, entre outros temas. Leia abaixo principais momentos da entrevista, que aconteceu na última semana.

Perguntado sobre como o grupo empresarial chegou à cidade, Rodrigo Rocha destacou que a escolha do Frigorífico Santanense não foi aleatória. Foi, na verdade, resultado de um período de cinco anos de pesquisa, que incluiu muitas viagens não só a Sant’Ana do Livramento, mas a outras cidades da região, além de incursões internacionais, com especial atenção a Portugal, um dos países parceiros da Plataforma Agroviva na Europa.

“Assim, explicou, a chegada à cidade foi resultado de cinco anos de estudos sobre o mercado de proteína bovina e ovina, sobretudo da primeira. Nós entendemos que o projeto é fundamental, especialmente no que diz respeito à contribuição para o aumento do valor agregado do agronegócio brasileiro. Fizemos um estudo bastante conservador, considerando os 5.570 municípios do País, e chegamos a 350 que têm, de fato, diferenciais que podem levar não só ao desenvolvimento da região mas ao crescimento do PIB nacional, com Sant’Ana do Livramento tendo potencial de produção em grande escala e com alto valor agregado. Os municípios do Pampa gaúcho estão muito acima de qualquer média de produção brasileira. Na região, há gado de excelência, de origem europeia”, comentou o executivo.

Para alavancar o setor de proteína animal na região, Rocha ressaltou a necessidade de recuperar o mercado, que foi à inércia ou quase falência, em alguns municípios. O empresário destacou que o resgate do segmento só será possível com a valorização dos produtores. “Apesar do grande potencial, Sant’Ana do Livramento e outras cidades regionais perderam o protagonismo no mercado de proteína animal. É preciso entender as causas dessa inércia e ultrapassá-las a partir da ativação ou reativação de algumas plantas frigoríficas do Rio Grande do Sul, levando em conta o engajamento dos produtores locais. Isso para nós é fundamental. Com esse objetivo, trabalhamos durante os últimos cinco anos junto aos produtores e todos os profissionais essenciais ao funcionamento do setor”, disse o  Diretor-Executivo da VIDEIRAINVEST.

O interesse do Grupo HELFRIG AGROVIVA no mercado de proteína animal se sustenta nos resultados do agronegócio brasileiro, que, apesar dos gargalos, consegue ser um dos mais competitivos do mundo. O CEO destacou que é imprescindível ver o agronegócio nacional de forma estratégica para colocar o Brasil como protagonista no mercado global.

“Atualmente, observou, o setor conta com um Produto Interno Bruto (PIB) em torno de US$ 600 ou US$ 700 bilhões. Se compararmos essas cifras apenas com o PIB de Nova Iorque, que chega a 1trilhão e 900 bilhões de dólares, vemos que o PIB brasileiro nessa área tem muito a acrescentar. Sua alavancagem não deve se limitar à exportação de commodities, mas de produtos com valor agregado. Dessa forma, Sant’Ana do Livramento pode oferecer muito à economia nacional, com  produtos industrializados de origem agropecuária destinado ao mercado interno e à exportação.

Além disso, prosseguiu o empresário, a cidade possui um valor simbólico que pode ser explorado turisticamente, por ser a última fronteira do extremo Sul do Brasil, juntamente com Alegrete, Uruguaiana e Bagé, que representam uma borda de proteção de fronteira. Toda essa região precisa se desenvolver, com base na sua vocação natural, sedimentada por várias gerações. Nós levamos essa realidade em consideração”, pontuou Rocha, para quem a mobilização das populações locais é de grande importância a fim de fazer com que o Brasil seja soberano e desempenhe um lugar de destaque na comunidade internacional.

Quanto ao potencial turístico de Sant’Ana do Livramento, Rodrigo Rocha afirmou que o frigorífico pode desempenhar um papel relevante, ao reativar a cadeia produtiva da proteína animal, que pode ser associada à vinícolas, feiras de eventos e negócios, além de setor hoteleiro, entre outras atividades. A dinamização da economia exigirá uma maior qualificação da mão de obra local, segundo Rocha.

“O frigorífico não será apenas um polo de atração industrial, acrescentou. Como disse, atrairá também pessoas do mundo todo interessadas em conhecer a região encantadora e que conta com muitas atrações turísticas. A movimentação em Sant’Ana do Livramento obrigará as pessoas a falarem outras línguas e buscarem formas de aprimoramento, como, no caso específico do frigorífico, na área de cortes de carnes. Isso demandará a criação de cursos técnicos, que vão gerar mais empregos, aumentando o círculo virtuoso das atividades empresariais. Existe, de fato, na cidade, uma perspectiva mais ampla, não apenas restrita ao trabalho no frigorífico. O ecossistema é gigantesco e vai dinamizar a economia regional e nacional”, afirmou o CEO.

Para Rodrigo Rocha, a integração regional é uma condição primordial para o crescimento econômico, com a sua consequente alavancagem de emprego e renda, e impacto na economia nacional. “O Brasil precisa ser soberano, independentemente de posicionamentos políticos. Não existe outro caminho a não ser a mobilização das populações locais. Elas precisam entender que unidas poderão fazer dos seus municípios lugares potentes e prósperos. No caso de Sant’Ana do Livramento e de regiões onde funcionaram grandes frigoríficos, como Swift Armour, e o próprio São Paulo, que se tornou o Santanense, é preciso que os municípios se alinhavem de novo em torno da produção de proteína animal”, disse o executivo.

A região contava com a maior população de ovelhas do Brasil, além de uma grande população de bois de linhagem europeia, de altíssima qualidade. Isso resultava em um diferencial de proteína marmorizada, com maciez e altamente nutritiva. Então, argumentou o empresário, é necessário fazer uma rearrumação dessa produção, a partir de uma planta agroindustrial que seja moderna e que tenha uma boa relação entre custo e benefício, com suficiente capital de giro para que nós possamos oferecer um preço justo ao produtor e um preço competitivo ao consumidor.

O grupo está na fase de requisição das licenças ambientais. Rodrigo Rocha informou ainda que tem contado com o auxílio do secretário de Planejamento e Meio Ambiente, Paulo Ricardo Ecoten, para viabilizar a conclusão dos trâmites burocráticos, dentro do maior rigor possível.
Queremos agradecer ao secretário de Planejamento de Sant’Ana do Livramento, que foi extremamente solícito, e que tem nos auxiliado na fase de aprovação de licenças, observou.

O bairro São Paulo, continuou Rodrigo Rocha, foi planejado para concentrar frigoríficos. Após 30 anos de declínio da atividade deixou de ser industrial para se tornar um bairro urbano. Isso exige cuidados especiais, pois a retomada do frigorífico vai impor uma dinâmica diferenciada, com carretas lotadas de animais chegando, e outras com produtos refrigerados saindo o tempo todo. Isso gera um grande impacto, inclusive logístico. Então, há um grande desafio pela frente, inclusive quanto à parte do esgotamento sanitário, que é específica para esse tipo de atividade, assim como do arruamento das proximidades do frigorífico, que ficou deteriorado diante dos anos de paralisação da planta.

Sobre o início das atividades, Rodrigo Rocha prevê que deve ocorrer em, no máximo, dois anos, pois a planta precisa passar por intervenções para voltar a funcionar. O executivo destaca que a estrutura da edificação não demanda empenho significativo, por se encontrar em boas condições.
Nossos estudos de engenharia de toda a estrutura impõe uma série de ações relacionadas às áreas de abates de bovinos e suínos, que devem respeitar também a produção Halal e Kosher, que vamos atender. A previsão é de que, entre 12 e 18 meses, a planta terá uma capacidade de entrega ao mercado de 3 mil toneladas/mês carne bovina. Ainda estamos fazendo uma projeção para ovinos”, esclareceu o empresário, adiantando que as obras devem começar em 60 dias, com a reforma do antigo prédio da administração do frigorífico, onde serão recebidos os profissionais envolvidos com as obras, profissionais liberais e investidores interessados na atividade.

Quanto à geração de empregos, o executivo estima que, de forma direta, devem ser umas 200 vagas, no chão da fábrica, afora outros tantos em logística. Além disso profissionais especializados, como veterinários, interessados em saúde animal e melhoramento genético, devem ser atraídos para a região. “Há ainda a área da logística para fazer o escoamento da produção. Ainda não sabemos se faremos via Porto de Montevidéu ou Porto do Rio Grande, cujas estradas foram debilitadas pelas chuvas do início do ano”, esclareceu o empresário.

Em relação à demanda por um produto tão especializado, Rodrigo Rocha comentou que as negociações com o mercado externo, especialmente Portugal, estão muito adiantadas. Também temos relações amadurecidas com a Turquia, com o mercado árabe e na África”, disse. Especificamente com Portugal, temos uma possibilidade de afirmar com cinco distribuidores parceiros acordos para alcançar, por exemplo, a parte Norte, até chegar a Santiago de Compostela, na Espanha; no Centro, para cima, com Braga e Bragança, até chegar a algumas boas regiões da Espanha; e, no meio, considerando o Porto de Vizeu, até chegar a Madrid. Caminhando um pouco mais para baixo, chega-se ao Alentejo, até chegar a Sevilha, na Espanha; e ainda mais abaixo, atendendo a todo o mercado do Algarve”, explicou Rodrigo Rocha.

Para que a carne brasileira circule em mercados tão exigentes, o produto deve passar por uma rigorosa inspeção sanitária. Isso tem sido motivo de grande cuidado por parte do HELFRIG AGROVIVA, que se cercou dos melhores profissionais para cuidar de toda a cadeia de produção, como explicou Rodrigo Rocha: “No que diz respeito à inspeção sanitária federal, estamos nos cercando dos melhores profissionais. Entre eles, estão os de aprimoramento genético da Estância Guarita, além de engenheiros especializados em frigoríficos”, observou.

A planta, que é antiga, conta com 19.000 m² de área construída. Isso é o suficiente para atingir a produção pretendida de 3 mil toneladas/mês de bovinos, ao longo de um ano e oito meses, aproximadamente.Posteriormente, pode-se dar início à inspeção federal e à entrega de um produto com selo, inclusive para os mercados Halal e Kosher”, explicou Rodrigo Rocha, adiantando que os consumidores poderão saborear uma carne deliciosa e altamente nutritiva, pois a equipe da AGROVIVA estuda eleger Brangus como seu principal animal de corte.

Patricia Lima