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sexta-feira, 6 dez, 2024

Campanha de Bolsonaro quer fim de ataque às urnas

Agência Brasil

Da Agência Reuters

A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) tem orientado aliados e até mesmo a base bolsonarista a suspender os ataques às urnas eletrônicas, segundo duas fontes, em meio à determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) de cobrar que o Ministério da Defesa envie cópia do relatório feito pela pasta sobre testes e fiscalização realizados por militares durante o primeiro turno das eleições.

Uma alta fonte próxima a Bolsonaro disse à Reuters que considera as críticas ao sistema eleitoral “um assunto morto” e “que não pode ser tiro no pé”. Essa fonte disse ter ouvido falar de uma reunião entre o presidente e os militares, mas que não sabia de detalhes sobre o encontro.

“Acho que esse assunto das urnas (críticas ao sistema) é um fato superado “, afirmou. Bolsonaro disputa no dia 30 o segundo turno da eleição presidencial contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O núcleo político em torno do presidente e o QG de campanha, segundo duas fontes, sempre falaram para Bolsonaro que os ataques ao sistema eletrônico de votação afastavam um eleitorado mais moderado que o mandatário precisa para encurtar a distância em relação a Lula, que terminou o primeiro turno à frente dele e segue, segundo pesquisas, na dianteira para a votação final.

Uma das fontes disse que há um esforço entre os apoiadores de Bolsonaro, a partir de uma orientação informal, para não se falar mais de fraudes nas urnas eletrônicas.

Após um apertado resultado do primeiro turno, por uma margem menor do que indicavam pesquisas feitas às vésperas, o foco das críticas de Bolsonaro, aliados e apoiadores está nos institutos de pesquisas. Viraram alvo de pedidos de apuração na Polícia Federal, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e podem até enfrentar uma CPI no Congresso.

TCU

Na segunda-feira, o presidente do TCU, Bruno Dantas, acatou pedido para que a Defesa envie cópia do relatório feito pela pasta sobre testes e fiscalização realizados por militares durante o primeiro turno das eleições.

O pedido foi feito pelo subprocurador-geral do Ministério Público junto ao TCU Lucas Furtado ao alegar, entre outras razões, que a Defesa atuou como uma das entidades fiscalizadoras do processo eleitoral e que a “segurança do Estado sairá fortalecida com a divulgação de tais informações”.

“Encaminhe-se o pedido formulado pelo Subprocurador-Geral do Ministério Público junto ao TCU à peça 254 para a manifestação do Ministério da Defesa, nos termos da lei”, determinou Dantas, em curto despacho na segunda.

O prazo regimental para atendimento ao pedido é de 15 dias.

Os militares ficaram de fazer uma checagem com a comparação entre as vias impressas dos boletins de urnas nas seções eleitorais e a informação disponibilizada pelo TSE na rede. Segundo uma fonte do alto comando do Exército informou à Reuters no mês passado, seriam verificadas cerca de 380 urnas, mas o resultado dessa inspeção não foi divulgado publicamente.

Até o momento o TSE também não recebeu cópia das conclusões do trabalho de fiscalização do Ministério da Defesa durante as eleições, segundo uma fonte do tribunal. Os militares haviam prometido entregar ao TSE um relatório com as conclusões, conforme a fonte do Exército ouvida pela Reuters em setembro.

Procurados por e-mail, o Ministério da Defesa e a Secretaria de Comunicação da Presidência não responderam de imediato a pedido de comentário a respeito da determinação do TCU nem sobre as conclusões do relatório.

Bolsonaro fez uma série de ataques ao sistema de votação nos últimos anos e chegou a insinuar que poderia não aceitar um resultado desfavorável nas eleições caso os militares não dessem o aval às urnas eletrônicas.

Entretanto, após o primeiro turno, Bolsonaro deixou de fazer ataques contundentes ao sistema sem falar da atuação das Forças Armadas no processo de fiscalização.

PARTICIPAÇÃO DO TCU

No primeiro turno, o TCU também fez uma auditoria em mais de 4 mil urnas eletrônicas em capitais de Estados e no Distrito Federal e atestou a confiança no sistema de votação. Era uma forma também de se contrapor ao trabalho da Defesa, segundo uma fonte.

O tribunal fez uma checagem semelhante à anunciada pelos militares ao fazer uma conferência entre as vias impressas dos boletins de urnas e comparar a informação do documento físico com o que foi disponibilizado pelo TSE na rede. Não houve divergências.

Em outra ação, inédita, o TSE também aceitou uma sugestão feita pelas Forças Armadas de promover nesta eleição um projeto-piloto para realizar o teste de integridade em 56 urnas eletrônicas por meio da biometria. Esse teste, que fez parte de um maior promovido pelo TSE, não encontrou qualquer tipo de irregularidade no sistema.