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quarta-feira, 18 set, 2024

Brasil

Ex-ministro da Fazenda, Delfim Netto morre em São Paulo aos 96 anos de idade

ex ministro fazenda

Economista teve um papel fundamental para o desenvolvimento econômico do Brasil

 

O economista, professor e ex-ministro da Fazenda, Delfim Netto, morreu nesta segunda-feira, 12, aos 96 anos, em São Paulo. Ele estava internado desde a última segunda-feira, 5, no Hospital Israelita Albert Einstein em decorrências de complicações relacionadas a seu quadro de saúde. Ele deixa a esposa, Gervásia Diório, a filha Fabiana Delfim e o neto Rafael.

 

Descendente de imigrantes italianos, Antônio Delfim Netto nasceu no bairro do Cambuci, em São Paulo, e fez parte da terceira turma de estudantes de Economia da Universidade de São Paulo (USP). Filho de José Delfim, funcionário da Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC), e Maria Delfim, dona de casa e costureira, ele iniciou a trajetória profissional com apenas 14 anos de idade como auxiliar de escritório na companhia Gessy, após o falecimento do pai. Ainda como estudante, trabalhou no Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo. Ou seja, uma carreira que começou de maneira simples que não aparentava no que faria Delfim se tornar para o Brasil, sendo um dos principais economistas a influenciar os rumos político-econômicos do país, por quase 60 anos, de maneira direta ou indireta.

 

Em 1966, Delfim iniciou sua ascensão política ao ser nomeado Secretário da Fazenda do Estado de São Paulo e teve um papel de grande importância nos anos da Ditadura no Brasil: foi ministro da Fazenda dos governos militares de Costa e Silva (1967-1969) e Médici (1969-1973), e ministro da Agricultura do governo Figueiredo (1979-1984). Nessa gestão, também atuou como secretário do Planejamento e controlou o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central.

 

Integrou, ainda, o Conselho Consultivo de Planejamento do governo Castelo Branco (1964-1967). Sua gestão no Ministério da Fazenda foi marcada por um período de desenvolvimento econômico internacional, com facilidade de empréstimos. Por conta disso, o período ficou conhecido no Brasil como os anos do “milagre econômico”.

 

Entre 1968 e 1973, o país vivenciou um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 11%, além de queda da inflação e aumento do poder aquisitivo do empresariado e da classe média. Porém, depois desse período, a inflação voltou, quando a dívida externa triplicou entre 1967 e 1972, e a concentração de renda se agravou, prejudicando os brasileiros mais pobres.

 

Delfim Netto também foi embaixador brasileiro na França no governo Geisel (1974-1979), e assumiu a Secretaria de Planejamento, em 1979, com a economia em condições desfavoráveis. No entanto, os anos finais da Ditadura foram marcados pelo declínio econômico do país e pela explosão da dívida externa.

 

Em 1986, elegeu-se deputado pelo PDS. E, logo em seguida, em 1987, participou da Assembleia Nacional Constituinte. Foi reeleito deputado federal em 1990 e 1994 pelo PPR. No fim da vida, escreveu sobre política e economia para diversos veículos de comunicação do país, como Folha de S. Paulo e revista Carta Capital. Delfim Netto também foi professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Em 2014, doou a biblioteca de 250 mil livros para a universidade.