Câmara aprovou a derrubada do veto de Eduardo Paes por violação de separação de poderes
A Bossa Nova agora é Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial da Cidade do Rio, graças à aprovação da derrubada do veto do Poder Executivo pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro (CMRJ), nesta terça-feira (3). O veto era resultado de uma ação de Eduardo Paes (PSD) por violação da separação dos poderes, diante da aprovação pela Câmara de um Projeto de Lei que conferia o mesmo título ao gênero musical. Paes teria argumentado, na ocasião, que tal reconhecimento só poderia ser conferido pelo Executivo, não cabendo ao Legislativo executar a ação por meio de lei. Agora, o projeto dos vereadores deverá ser promulgado.
Não é a primeira vez que o universo político carioca tenta prestigiar o ritmo que popularizou a cidade no exterior. E 2007, o então prefeito César Maia decretou o tombamento da Bossa Nova como patrimônio histórico-cultural de natureza imaterial. Ao longo do tempo, Maia sempre defendeu a importância do gênero para a cultura da cidade. Ele é um dos vereadores responsáveis pelo atual projeto legislativo.
A Bossa Nova surgiu na Zona Sul da cidade no final da década de 1950 e teve como principais expoentes os cariocas Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Durante anos a fio, o gênero foi a primeira referência sobre a capital fluminense e o Brasil para muitos estrangeiros. O Bossa Nossa se tonou internacional após o lançamento da icônica canção “Garota de Ipanema”, que continua a influenciar artistas no mundo inteiro até hoje.
“A Bossa Nova é uma referência mundial do Brasil e do Rio de Janeiro. É mais do que um patrimônio. Quem nunca se encantou ou se emocionou com os versos de Tom e Vinicius? Foi um movimento musical que fez história e está marcado para sempre na alma de todo o carioca”, disse um dos autores do projeto e presidente da Câmara dos Vereadores, Carlo Caiado (PSD).
Encontros casuais entre jovens de classe média deram origem ao gênero
Foi durante encontros casuais entre jovens músicos de classe média de Ipanema e Copacabana, especialmente na casa de Nara Leão, que o ritmo surgiu. Em 1957, Billy Blanco, Carlos Lyra e Roberto Menescal já se reuniam regularmente para compor.
Um ano depois, o show “Sylvinha Telles e um grupo bossa-nova” seria o cartão de apresentação da Bossa ao público. Foi somente em 1959, que ela se consagrou como gênero musical com o lançamento de “Chega de Saudade”, composta por Tom Jobim e Vinícius de Moraes. A canção também deu nome ao primeiro LP de João Gilberto.
No início, a Bossa Nova conquistou os jovens universitários do Rio de Janeiro, ultrapassando os limites nacionais e internacionais no anos 1960. Entre os nomes que também se destacaram no movimento estão Dorival Caymmi, Marcos Valle, Francis Hime e Edu Lobo.
Patricia Lima