Evento, que aconteceu na Avenida Paulista, reuniu menos de 1/3 de público do que em fevereiro deste ano, quando Bolsonaro botou 185 mil pessoas na via
A manifestação contra o ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no último sábado (7), Dia da Independência do Brasil, na Avenida Paulista, reuniu um público aquém do esperado pelos organizadores do evento, que balizaram a intensidade da manifestação, no ato de fevereiro deste ano, quando Jair Bolsonaro incendiou a capital paulistana reunindo 185 mil pessoas na via. Segundo pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), 45,4 mil pessoas participaram do ato do último sábado. Os números apresentados por diferentes instituições são aproximados.
Além do ex-presidente Bolsonaro (PL), também participaram do ato, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o prefeito da capital e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), o pastor Silas Malafaia e outros políticos de peso no universo bolsonarista.
Os manifestantes vestiam, em sua maioria, camisas amarelas da seleção brasileira, teceram críticas à decisão do ministro do STF de bloquear a rede social X no Brasil. A medida de Moares foi referendada pela primeira Turma da Corte.
Durante o seu discurso, o ex-presidente resgatou os temas da anistia aos condenados pelos ataques de 8/1 e da suspensão da sua inelegibilidade pelo Congresso. Em uma das suas falas, JB chegou a chamar Alexandre de Moraes “ditador”. O ministro é relator de inquéritos nos quais Bolsonaro é investigado.
“Eu espero que o Senado Federal bote um freio em Alexandre de Moraes, esse ditador que faz mais mal ao Brasil que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva”, esbravejou o ex-presidente, segundo o G1.
Em discursos anteriores, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o filho 03 de Jair, pediu o impeachment de Moraes, o que só pode ser decidido pelo Senado Federal. Já o pastor Silas Malafaia, um dos organizadores da manifestação, pediu que o ministro fosse impichado e preso. Tarcísio de Freitas, que foi ministro de Bolsonaro, apelou para a anistia dos presos responsáveis pela quebradeira de 8 de janeiro.
Ricardo Nunes, Pablo Marçal e Marina Helena vão ao ato
O candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB), formalmente apoiado pelo ex-presidente, participou de maneira discreta do evento. Marina Helena (Novo) também esteve na manifestação. O ruidoso Pablo Marçal (PRTB) chegou na Paulista no final do evento, depois do discurso de Bolsonaro, de quem recebeu sinalizações públicas de apoio na disputada pela capital paulista. Marçal, que foi muito festejado por populares, tentou subir no carro de som, mas foi barrado. Nenhum dos candidatos discursou durante o ato.
A última pesquisa Datafolha mostrou Guilherme Boulos (PSOL) à frente de Marçal e Nunes. Os três, no entanto, estão tecnicamente empatados.
Também participaram da manifestação: os deputados federais Bia Kicis (PL-DF), Gustavo Gayer (PL-GO), Ricardo Salles (Novo-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG), Julia Zanatta (PL-SC), o senador Magno Malta (PL-ES), entre outros. Os manifestantes se dispersaram depois do discurso de Jair.
Em Brasília, o Desfile de 7 de Setembro foi esvaziado
Mesmo com um investimento de R$ 4,3 milhões, R$ 1,2 milhão a mais do que em 2023, o desfile cívico-militar do Dia da Independência registrou um público de apenas 20 mil pessoas, contra 25 mil no passado, segundo estimativas. O valor contratado, no entanto, ficou 42% abaixo do previsto pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) no edital, de R$ 7,42 milhões, segundo o G1.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), desfilou em carro aberto, sem a presença da primeira-dama Janja Lula da Silva, que preferiu participar da 5ª Celebração do Dia Internacional para Proteger a Educação de Ataques, em Doha, no Catar. Na arquibancada montada para Lula estavam autoridades, como: o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin; o presidente do STF e os ministros, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Edson Fachin, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), entre outros.
A celebração girou entorno da presidência brasileira no G20, da reconstrução do Rio Grande do Sul, e da importância da vacinação. Segundo a Record News, o desfile contou com a participação de mais de 8 mil pessoas, incluindo atletas paralímpicos que atuaram nos jogos de Paris.
Depois do evento, Lula almoçou com aliados e ministros no Palácio da Alvorada. O presidente do Congresso, Arthur Lira, não estava entre eles. Lira decidiu se empenhar nas campanhas de aliados em Alagoas, segundo o Uol.
Manifestações em Copacabana
Organizada por lideranças como o Procurador Mariano, o evento reuniu manifestantes em frente ao Posto 4, na Avenida Atlântica, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro, onde os populares se manifestaram contra o que chamam de censura institucional.
Em seu discurso, Mariano, um dos principais representantes do movimento, criticou duramente o ministro Moraes. “Não podemos mais admitir que Alexandre de Moraes viole a Constituição para emplacar a sua vontade de oprimir cidadãos e opositores políticos. Essa postura não honra a instituição STF que, por previsão constitucional, é a guardiã da Constituição e das leis do país“, disse o procurador, segundo o Diário do Rio.
Também presente à manifestação, a advogada do Partido Novo, Carol Sponza, ressaltou a urgência de o Senado Federal pautar o impeachment do ministro do STF, por conta da decisão do Bloqueio do X no Brasil. “Estou aqui como cidadã para defender nossa liberdade. Um único ministro não pode calar a voz de 22 milhões de brasileiros. Cabe ao Senado assumir sua responsabilidade e pautar o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Chega de censura! Não podemos tolerar um ditador”, pontou Sponza, ainda segundo o veículo.
Patricia Lima